Associações de estudantes nos seis estados do leste da Alemanha alertam para a presença cada vez maior de ideologia extremista nas escolas e pedem providências.Preocupadas com a expansão da extrema direita nas escolas e o despreparo nesses ambientes “em termos materiais, de pessoal e de conhecimento” para lidar com o fenômeno, as representações estudantis dos seis estados do leste da Alemanha pediram nesta quarta-feira (03/04) a tomada de providências por parte dos políticos locais.

“Narrativas nacionalistas, teorias da conspiração antissemitas e ideologias extremistas estão se tornando cada vez mais presentes na escola”, consta da declaração conjunta dos conselhos estudantis, que representam os interesses dos alunos nos estados de Berlim, Brandemburgo, Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Saxônia, Saxônia-Anhalt e Turíngia.

Segundo as entidades, saudações nazistas, suásticas e outros símbolos inconstitucionais deixaram de ser fenômenos isolados em algumas escolas, e em muitos lugares as pessoas estão se sentindo mais à vontade com o que até então era um tabu, ao passo em que se mostram mais dispostas a tratar declarações que afrontam a Constituição como expressões legítimas de opinião.

“Para nós está claro que a Alemanha, devido ao seu passado, não só tem uma responsabilidade especialmente grande (…), como também tem um contexto histórico concreto que pode e deve ser usado na luta contra ideais inconstitucionais”, afirmam os estudantes.

O pronunciamento vem em meio à ascensão nas pesquisas do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), que tem aparecido em segundo lugar nas pesquisas nacionais, com cerca de 19% das intenções de voto, e lidera as sondagens para os três pleitos estaduais que devem ocorrer no leste da Alemanha neste ano: na Turíngia, na Saxônia e em Brandemburgo.

Riscos também no espaço digital

O extremismo de direita moderno, afirmam os secundaristas, surge muitas vezes de forma dissimulada, e tem tido seu alcance potencializado por novas tecnologias como algoritmos, notícias falsas e inteligência artificial. Isso, alegam, representa um risco principalmente para os jovens, que seriam os mais propensos a se radicalizar pela internet.

Para enfrentar o problema, os estudantes sugerem, entre outras medidas, o fortalecimento das aulas de história, política e ciências sociais, de modo a alertar sobre os riscos que o extremismo de direita representa para a democracia; o ensino sobre mídias digitais; a promoção de um modo de ensinar interdisciplinar que capacite os alunos para o debate democrático, a formação de opinião política fundamentada e a convivência respeitosa; bem como o treinamento de educadores, que não devem ser “deixados sozinhos e despreparados” diante de problemas como a radicalização entre os alunos.

Os conselhos de estudantes propõem ainda o financiamento de projetos que promovam o pluralismo na sociedade e o intercâmbio intercultural e internacional, por exemplo, por meio de parcerias com escolas no exterior.

ra/le (dpa, ots)