A exposição à poluição do ar está ligada a um risco maior de demência, de acordo com uma nova análise de pesquisadores da Universidade Harvard (EUA) divulgada na semana passada. O estudo sugere que mesmo os limites mais rígidos para qualidade do ar em países como Estados Unidos e Reino Unido não são suficientes para afastar esse risco.

O estudo fez um levantamento de outras 14 pesquisas que abordaram a incidência de demência e outras doenças neurológicas relacionadas à exposição a níveis de poluição atmosférica, especialmente de material particulado do tipo PM2.5, liberado principalmente pela queima de combustíveis fósseis e bastante comuns no ar das grandes cidades ao redor do mundo. Segundo a análise, para cada aumento de dois microgramas por metro cúbico na concentração média anual de PM2.5, o risco geral de demência aumenta 4%.

Mais de 57 milhões de pessoas em todo o mundo vivem atualmente com demência, e as estimativas sugerem que esse número pode aumentar para mais de 150 milhões até 2050. Acredita-se que até 40% desses casos estejam ligados a fatores de risco potencialmente modificáveis, como a exposição à poluição atmosférica.

O estudo também sugeriu que a exposição a outros poluentes, como dióxido de nitrogênio e os gases de óxido de nitrogênio, também podem ser um fator de risco para demência. Por outro lado, a pesquisa não encontrou associação entre o gás ozônio, formado devido a reação entre os poluentes, e demência.

Contribuição substancial

“As estimativas atuais sugerem que as concentrações de PM2.5 nas principais cidades variam consideravelmente de menos de 10 microgramas por metro cúbico em algumas (como, por exemplo, Toronto) para mais de 100 microgramas em outras (por exemplo, Nova Délhi). Portanto, a poluição do ar tem o potencial de afetar substancialmente o risco de demência em todo o mundo”, argumentaram os autores.

A análise foi publicada na revista BMJ e foi repercutida por veículos como BloombergÉpoca NegóciosGuardianTime e Washington Post.

Em tempo: O aquecimento global está causando um efeito curioso em um dos esportes mais populares dos Estados Unidos. De acordo com uma nova pesquisa do Dartmouth College, publicada no Bulletin of the American Meteorological Society, a temperatura mais alta está favorecendo os rebatedores de home run no beisebol, que estão conseguindo lançar a bola com mais força. Os pesquisadores analisaram dados de 100 mil jogos da MLB, principal liga norte-americana do esporte, e de 220 mil rebatidas individuais. Eles descobriram que, entre 2010 e 2019, o tempo mais quente levou, em média, a 58 home runs extras por ano. A explicação está na física: temperaturas mais altas diminuem a densidade do ar, o que, por sua vez, reduz o arrasto em um objeto voador. Associated PressBloombergGuardianVeja e Washington Post, entre outros, abordaram o estudo.