27/01/2025 - 11:59
Já imaginou poder apagar memórias ruins com uma boa noite de sono? Parece o roteiro do filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”, mas é apenas o mote de uma pesquisa publicada recentemente na revista científica PNAS.
Diferentemente do filme, a ideia aqui não era deletar as lembranças ruins, mas sim editá-las durante o sono não-REM, fase responsável pela consolidação dessas memórias. Para isso, uma equipe internacional de pesquisadores recrutou 37 voluntários para participar de testes específicos — e dormir — durante 5 dias.
Na primeira noite, os pesquisadores associaram 48 palavras sem sentido, inventadas unicamente para o estudo, a 48 imagens classificadas como negativas em bancos de dados reconhecidos. E apresentaram esses pares aos voluntários logo antes de eles dormirem.
No dia seguinte, 24 dessas palavras foram associadas a imagens consideradas positivas, enquanto a outra metade continuou sendo apresentada com imagens negativas. Nessa segunda noite de sono, os voluntários passaram a fase não-REM ouvindo gravações de 12 palavras associadas a imagens negativas, 12 a imagens positivas e 12 completamente novas, sem ligação com imagem alguma.
Por meio de eletroencefalograma, os cientistas descobriram que esses áudios fizeram a parte do cérebro ligada ao processamento da memória emocional disparar. E que essa resposta era significativamente maior com as memórias positivas.
E, com base em questionários respondidos nos dias seguintes, descobriram que os voluntários se lembravam menos das memórias negativas que tinham sido misturadas com as positivas. E que essas memórias positivas tinham mais chances de surgir espontaneamente na cabeça desses voluntários do que as negativas. Ou seja, as memórias positivas enfraqueceram as negativas.
É claro que não dá para tirar conclusões sobre o mundo real a partir de um experimento controlado conduzido em laboratório com um pequeno grupo de voluntários.
Mas os pesquisadores esperam que este estudo ajude a abrir caminhos para novas perspectivas no tratamento de lembranças patológicas ou associadas a traumas. E de formas bem menos invasivas que a mostrada no filme. E você? Já passou por algo parecido ao ressignificar uma memória? Conta aqui nos comentários.