13/11/2025 - 14:56
MILÃO, 13 NOV (ANSA) – Uma pesquisa publicada nesta semana identificou as regiões cerebrais ativadas quando torcedores assistem aos jogos de seus times favoritos, desencadeando emoções e comportamentos tanto positivos quanto negativos.
O estudo, conduzido pela Universidade de San Sebastián, no Chile, foi publicado na revista Radiology e abriu novas perspectivas para compreender diferentes tipos de fanatismo, não apenas no futebol, mas também em contextos religiosos e políticos.
+ Mapa interativo revela 300 mil km de estradas construídas pelo Império Romano
Os cientistas recrutaram 60 torcedores de dois times rivais, todos homens entre 20 e 45 anos. A paixão pelo futebol foi quantificada por meio de uma escala que mede o fanatismo, avaliando especialmente a propensão à violência e o senso de pertencimento.
As atividades cerebrais dos participantes foram analisadas por ressonância magnética funcional (RMf) enquanto assistiam a 63 sequências de gols em partidas contra o rival histórico ou oponentes neutros. Os resultados indicaram que “a rivalidade reconfigura rapidamente o equilíbrio entre avaliação e controle no cérebro em questão de segundos”.
“Quando uma partida é vencida contra um rival histórico, o circuito de recompensa do cérebro é amplificado; quando é perdida, o córtex cingulado anterior dorsal mostra uma supressão paradoxal dos sinais de controle”, explicou o biólogo Francisco Zamorano, um dos autores do estudo.
O especialista destacou que o córtex cingulado anterior dorsal desempenha papel importante no controle cognitivo. Ele também observou que a ativação do sistema de recompensa durante um gol contra um time rival sugere um fortalecimento da identidade social e da união grupal, efeito que fica mais intenso entre os torcedores mais fanáticos.
“Estudar o fanatismo é fundamental porque revela mecanismos neurais generalizáveis, que variam da paixão e polarização no futebol até a violência e os impactos na saúde pública em nível populacional. É importante lembrar que esses circuitos se formam na primeira infância: a qualidade do cuidado, a exposição ao estresse e o aprendizado social moldam o equilíbrio entre avaliação e controle, tornando os indivíduos mais ou menos vulneráveis ao fascínio do fanatismo”, afirmou Zamorano.
O pesquisador acrescentou que a proteção e o cuidado durante a infância são as principais estratégias de prevenção para evitar formas extremas de fanatismo, seja no futebol, na religião ou na política.
* Com informações de ANSA
