Pesquisadores holandeses criaram uma nova abordagem para imaginar como os dinossauros se moviam. Ao modelar a cauda de um tiranossauro como uma ponte pênsil, os cientistas formaram uma nova ideia da velocidade de caminhada do animal. Trix, o tiranossauro do Museu Naturalis, na Holanda, provavelmente caminhava mais devagar – mas com mais elasticidade em seus passos – do que se supunha. Este é o primeiro passo para um movimento de dinossauro mais realista.

Humanos e animais têm uma velocidade de caminhada preferida. Isso é, em parte, influenciado pela quantidade de energia necessária: eles preferem andar na velocidade em que usam a menor quantidade possível de energia. Uma das maneiras de conseguir isso é usar algo chamado ressonância.

Um exemplo disso é quando você está balançando: você não pode simplesmente balançar em qualquer velocidade. Se quiser fazer isso corretamente, você precisa acertar o tempo e balançar no ritmo adequado. Ou seja: você tem de entrar em ressonância com isso. E quando você está em uma caminhada agradável e relaxante, as partes do seu corpo também ressoam. Andar um pouco mais devagar não requer menos energia: você percebe que é realmente mais difícil.

Importância da cauda

Isso funciona tanto para animais quadrúpedes quanto para bípedes, como humanos e avestruzes. Pasha van Bijlert, estudante de Ciências do Movimento Humano na Vrije Universiteit (Universidade Livre de Amsterdã, na Holanda), aplicou a ideia a um animal que caminhava de maneira diferente de qualquer coisa que anda na terra atualmente: o Tyrannosaurus rex. Esses dinossauros carnívoros tinham apenas duas pernas, mas também uma enorme cauda que os ajudava a se mover.

Como os ossos do pescoço, os da cauda são mantidos juntos por ligamentos. “Você poderia compará-la a uma ponte suspensa”, explicou Van Bijlert. “Uma ponte pênsil com uma tonelada de músculos.” A cada passo, a cauda balançava para cima e para baixo. Isso significa que, como o balanço, ela apresentava uma frequência natural com a qual ressoava.

Pasha van Bijlert com uma réplica de Trix, o tiranossauro que modelou como parte de sua tese. Crédito: Tom Brown
Semelhança com a caminhada de outros animais

Para descobrir qual era essa frequência, Van Bijlert e seus professores Anne Schulp (Naturalis/Universidade de Utrecht) e Knoek van Soest (Vrije Universiteit) construíram um modelo 3D de Trix, o Tyrannosaurus rex em exibição no Naturalis, o Museu Nacional Holandês de História Natural. Eles adicionaram músculos digitais ao famoso esqueleto e, nesse modelo muscular, puderam realizar análises biomecânicas. Derivaram daí a frequência natural e uma velocidade de caminhada preferida: 4,6 km/h, cerca de metade das projeções anteriores. Como referência, o Colégio Americano de Medicina do Esporte indica que a velocidade de caminhada recomendada de um adulto saudável está entre 4,8 km/h e 6,4 km/h. Então, quando Trix estava passeando, andava quase na mesma velocidade que você. Se você tivesse um T. rex de estimação, não teria problemas para caminhar ao lado dele – pelo menos em termos de velocidade.

Van Bijlert, Van Soest e Schulp publicaram suas descobertas na revista “Royal Society Open Science”. “Já havia alguns estudos investigando a velocidade de caminhada dos dinossauros, mas a maioria deles olhava para as pernas e ignorava a cauda – que é o que torna os dinossauros tão únicos”, disse Van Bijlert. “Eles geralmente encontraram velocidades de caminhada muito mais altas. A que calculamos é mais baixa, mas é semelhante à de outros animais.”