02/05/2024 - 17:10
ROMA, 2 MAI (ANSA) – Por Enrica Battifoglia – Os indícios em favor da existência do misterioso Planeta Nove estão se fortalecendo: novos cálculos fornecem as mais altas probabilidades estatísticas até agora reunidas de que pode existir um novo planeta além da órbita de Netuno, um planeta gelado com massa cinco vezes superior à da Terra.
Quem obteve o resultado, online na plataforma arXiv e em processo de publicação na revista Astrophysical Journal Letters, foram “caçadores” que há muito tempo estão perseguindo este planeta indescritível: Konstantin Batygin e Michael Brown, ambos do Instituto de Tecnologia da Califórnia; o italiano Alessandro Morbidelli, que trabalha na Universidade e no Observatório da Côte d’Azur; e David Nesvorny, do Southwest Research Institute.
Em janeiro de 2016, o mesmo grupo de pesquisa apresentou a simulação mais convincente capaz de explicar, com a hipótese da existência de um novo planeta, as anomalias observadas nas órbitas dos corpos celestes nas regiões mais distantes do Sistema Solar.
Agora, oito anos depois, as evidências em favor da existência de um corpo maciço além da órbita de Netuno estão ainda mais sólidas.
“Os indícios nos dizem que o Planeta Nove existe, mas não qual órbita ele percorre ou qual posição ocupa em sua órbita”, disse Morbidelli à ANSA. “Estamos procurando evidências indiretas de sua existência”, acrescentou, mas até agora tem sido difícil estudar os objetos que estão além da órbita de Netuno.
Assim, os pesquisadores decidiram se concentrar nos objetos mais próximos, ou seja, aqueles que estão dentro da órbita de Netuno. “Neste caso, esperamos uma distribuição radicalmente diferente, dependendo se o Planeta Nove existe ou não”, continuou o astrônomo.
Os novos dados foram então analisados dentro de duas simulações (uma com e outra sem o Planeta Nove) e combinados com as forças conhecidas exercidas por outros planetas e pela Via Láctea.
“Apenas o modelo com um planeta adicional explica as observações, fortalecendo a hipótese da existência deste planeta fantasma”, observou o pesquisador.
O cenário que não considera o planeta misterioso, por outro lado, é “estatisticamente rejeitado a um nível de confiança de cerca de cinco sigma”, escreveram os pesquisadores, citando o grau de aproximação estatística pelo qual é legítimo falar em uma descoberta.
A presença do Planeta Nove, provavelmente uma Super-Terra expulsa em uma órbita muito distante, parece, portanto, ser a melhor hipótese para explicar os movimentos estranhos observados até agora nos confins do Sistema Solar, mas ainda há muito trabalho a ser feito aguardando uma prova definitiva.
Uma grande ajuda é esperada do Observatório Vera Rubin, nos Andes chilenos: “Iniciará as observações este ano e permitirá grandes avanços, pois a cada semana observará todo o céu, fazendo um censo completo dos objetos transnetunianos. Demos a ele dois ou três anos para descobrir o planeta, mesmo que não seja garantido que seja possível vê-lo. Se o Planeta Nove estiver no ponto mais distante de sua órbita do Sol, poderia até escapar deste telescópio”, concluiu Morbidelli. (ANSA).