23/12/2021 - 18:59
A Food and Drug Administration (FDA), agência dos Estados Unidos equivalente à Anvisa, aprovou nesta quinta-feira (23/12) o uso emergencial e doméstico de um tratamento oral contra a covid-19 desenvolvido pelo laboratório Merck.
É a segunda pílula contra a doença aprovada pela FDA. Na quarta-feira, a agência também aprovou o uso emergencial de um tratamento oral da Pfizer contra a covid-19.
O medicamento da Merck é o molnupiravir. Testes clínicos apontaram que a droga reduz as hospitalizações e mortes em 30% em indivíduos com alto risco de complicações se começar a ser tomada no início da manifestação da doença. Ela é indicado para os casos em que outros tratamentos contra a doença não estejam disponíveis ou sejam contra-indicados.
A droga insere pequenos erros no código genético do coronavírus para impedir a sua reprodução, o que despertou a preocupação de alguns especialistas da FDA de que ela poderia estimular a mutação do vírus para cepas mais virulentas.
Há também risco que ela possa afetar o desenvolvimento de ossos e cartilagens. Por esse motivo, não é indicada para menores de 18 anos e mulheres grávidas. O medicamento já foi autorizado para uso também no Reino Unido e está sob análise na União Europeia.
A pílula da Merck deve ser tomada duas vezes por dia, quatro pílulas por vez, por cinco dias. O ciclo de tratamento completo envolve 40 comprimidos e custa cerca de 700 dólares (R$ 3,9 mil) – o governo americano já encomendou 5 milhões de ciclos de tratamentos à Merck.
Alternativa à Pfizer
O molnupiravir não é tão eficiente quanto a droga da Pfizer, a paxlovid. A Pfizer informou que o seu medicamento reduz em 89% o risco de hospitalização ou morte pela doença em adultos, se administrado nos três dias seguintes ao aparecimento dos primeiros sintomas.
A pílula da Pfizer é uma combinação de dois medicamentos: o nirmatrelvir, uma nova droga experimental, e o ritonavir, um antiviral já existente e usado contra o HIV. O nirmatrelvir atua bloqueando a ação de uma enzima que o coronavírus precisa para se replicar. Já o ritonavir é administrado para retardar a degradação do nirmatrelvir no organismo, aumentando a sua eficácia.
Por outro lado, a FDA afirma que alguns pacientes devem evitar a pílula da Pfizer, porque o ritonavir tem interações medicamentosas com outras drogas e não é recomendado a pessoas com problemas graves no fígado ou rins. Para esses pacientes, a droga da Merck pode ser especialmente útil.
A pílula da Pfizer deve ser tomada por cinco dias, a cada 12 horas, durante cinco dias. O ciclo de tratamento completo custa 530 dólares (R$ 3 mil), e dez milhões de ciclos de tratamentos já foram encomendados pelo governo americano.
Além dos dois medicamentos de uso oral aprovados pela FDA, diversos países já autorizaram tratamentos intravenosos, a sua maioria para uso em hospitais, de anticorpos monoclonais. Mas a disponibilidade desses tratamentos é reduzida e eles são menos eficazes contra a variante ômicron.
bl (Reuters, ots)