Objetos com cerca de 2.500 anos haviam sido levados para a Universidade de Chicago nos anos 1930 para serem estudados por três anos, mas acabaram ficando mais de nove décadas em solo americano.Cerca de 1.100 tábuas de argila com inscrições cuneiformes do Império Persa Aquemênida (550 a 331 a.C.), foram devolvidas pelos Estados Unidos ao Irã nesta sexta-feira (27/09), segundo informações divulgadas pela mídia iraniana.

As tábuas contêm informações escritas no idioma elamita que apontam fatos sobre a sociedade da época. Os itens foram embarcadas na noite de quinta-feira no avião do presidente iraniano, Masud Pezeshkian, que estava em Nova York para participar na Assembleia Geral da ONU.

As peças têm cerca de 2.500 anos e representam uma pequena parte de 56.000 artefatos encontrados em 1932 na antiga Persépolis, capital do Império Aquemênida, que foram transferidos para a Universidade de Chicago para um período de estudo de três anos.

Mas diferentes momentos históricos ao longo do século 20, como guerras, revoluções e as tensões geopolíticas entre os dois países transformaram os três anos iniciais em mais de nove décadas.

Depois de cinco fases de devoluções nos anos 1940 e 1950, e mais três na década de 2000, cerca de 5.000 peças ainda permanecem em solo americano.

A imposição de novas sanções por parte dos EUA ao Irã em 2018 dificultou o processo de devolução dos objetos e, por isso, em ocasiões recentes, eles foram repatriados aproveitando a presença de líderes iranianos em Nova York para reuniões na ONU.

A última devolução havia ocorrido em setembro de 2023, quando o então presidente Ebrahim Raisi (1960-2024) levou 3.506 peças em seu avião depois de também participar da Assembleia Geral da ONU.

Características da época

Os artefatos datam do reinado de Dario 1°, o terceiro rei da dinastia Aquemênida, fundada por Ciro 2°, o Grande, e que se estendeu por um vasto território até a conquista de Alexandre, o Grande.

A inscrições contêm informações a respeito da economia da época, a exemplo da produção agrícola e os pagamentos a funcionários, além da organização social da região durante o império. De acordo com o vice-ministro para o Patrimônio Cultural do Irã, Ali Darabi, os objetos recordam “rituais e o modo de vida de nossos ancestrais”.

A devolução foi promovida pelo Instituto para o Estudo de Culturas Ancestrais, Ásia Ocidental e Norte da África da Universidade de Chicago, anteriormente conhecido como Instituto Oriental.

“Os americanos se comprometeram a devolver o restante”, disse Darabi, citado pela agência de notícias iraniana ISNA.

gb (EFE, AFP)