18/12/2025 - 11:46
Forças americanas relataram ter matado quatro pessoas em lancha que supostamente transportava drogas para os EUA. Congresso pressiona governo para divulgar imagens de outro ataque que teria matado sobreviventes.As Forças Armadas americanas afirmaram nesta quarta-feira (17/12) que quatro suspeitos foram mortos em um novo ataque a supostas embarcações que traficavam drogas para os EUA no Oceano Pacífico, como parte de uma campanha controversa que matou quase 100 pessoas desde setembro.
O governo Trump não apresentou provas de que essas embarcações supostamente tripuladas por “narcoterroristas” estivessem envolvidas com o tráfico de drogas, o que gerou um acalorado debate sobre a legalidade das operações.
O Comando Sul dos EUA afirmou nas redes sociais que as Forças Armadas “realizaram um ataque cinético letal contra uma embarcação operada por uma organização designada como terrorista” no leste do Pacífico, que estaria envolvida em “operações de narcotráfico”.
“Um total de quatro narcoterroristas do sexo masculino foram mortos e nenhum militar dos EUA ficou ferido”, acrescentou.
Os militares divulgaram um vídeo que supostamente mostrava o ataque, com imagens aéreas que pareciam mostrar primeiro o impacto e depois, a embarcação em chamas.
O ataque mais recente eleva o número de mortos na campanha no Mar do Caribe e no leste do Pacífico para 99 desde setembro.
Congresso pressiona governo
A divulgação do ataque ocorre depois que o Senado, de maioria republicana, aprovar nesta quarta-feira um amplo projeto de lei sobre a política de defesa, que deve ser assinado pelo presidente dos EUA, Donald Trump . A nova legislação exige que mais informações sobre os ataques sejam fornecidas ao Congresso.
A medida ameaça, em particular, cortar o orçamento de viagens do secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, em 25%, a menos que vídeos não editados do primeiro ataque da campanha, ocorrido em 2 de setembro, sejam entregues aos Comitês de Serviços Armados da Câmara e do Senado.
Durante o ataque de setembro, sobreviventes foram mortos depois que os EUA lançaram um segundo ataque à embarcação, uma ação controversa que gerou acusações de possível crime de guerra.
Hegseth e o secretário de Estado, Marco Rubio, defenderam o ataque perante o Congresso nesta terça-feira, descrevendo-o como uma “missão altamente bem-sucedida”.
Rubio e Hegseth prometeram autorizar os dois comitês a assistirem às imagens do ataque de 2 de setembro até o final da semana, na presença do comandante que deu a ordem, o almirante Frank Bradley.
Possíveis violações às leis internacionais
Trump também supervisionou o envio de um grande contingente militar à costa da Venezuela e, nesta semana, declarou um bloqueio a “navios petrolíferos sancionados” que partem e chegam a Caracas. As ações aumentam a pressão sobre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que alega que a campanha dos EUA busca uma mudança de regime em vez de seu objetivo declarado de deter o narcotráfico.
O uso das Forças Armadas na campanha contra o narcotráfico e os potenciais ataques na Venezuela geraram debates sobre se Trump deveria buscar autorização do Congresso para realizar essas operações.
A Câmara dos Representantes rejeitou nesta quarta-feira duas resoluções propostas por parlamentares do Partido Democrata que visavam interromper os ataques e as “hostilidades na ou contra a Venezuela” sem a autorização do Legislativo.
Especialistas em direitos humanos da ONU disseram que as operações americanas podem estar em violação às leis internacionais, descrevendo as mortes como execuções extrajudiciais ilegais.
rc (AFP, DPA)
