13/12/2022 - 11:32
Pela primeira vez, cientistas conseguiram produzir com sucesso uma reação de fusão nuclear, um experimento que pode destravar uma “fonte infinita” de energia. O anúncio deve ser feito nesta terça-feira (13/12) pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos.
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O teste bem-sucedido teria sido conduzido por pesquisadores do Lawrence Livermore National Laboratory, localizado na Califórnia. De acordo com fontes do governo norte-americano, o experimento de fusão alcançou o que é conhecido como ignição, ponto no qual a energia de fusão gerada é igual à energia do laser que iniciou a reação.
A fusão nuclear acontece quando dois ou mais átomos são fundidos em um maior, um processo que libera uma enorme quantidade de energia. Diferentemente da fissão nuclear, responsável pela geração de energia nas atuais usinas nucleares, a fusão não gera resíduos radiativos de longa duração.
Método diferente
Experimentos anteriores utilizaram reatores em forma de rosquinha conhecidos como tokamaks, em que o gás hidrogênio é aquecido a temperaturas altas o suficiente para que os elétrons sejam arrancados dos núcleos de hidrogênio, criando o que é conhecido como plasma; campos magnéticos prendem o plasma dentro desse reator onde os núcleos atômicos se fundem, liberando energia.
A experiência norte-americana utilizou um método diferente para realizar essa fusão, com 193 lasers gigantescos que disparam simultaneamente em um cilindro de metal do tamanho de uma borracha de lápis. O cilindro é aquecido e vaporizado, gerando uma implosão de raios X; a implosão funde dois núcleos de hidrogênio produzindo um núcleo de hélio e liberando uma enorme quantidade de energia.
A reação produziu cerca de 2,5 megajoules de energia, mais do que compensando os 2,1 megajoules usados para alimentar os lasers, de acordo com o Financial Times. A proporção ainda é pequena, mas pode oferecer um caminho para a geração de energia limpa em uma densidade muito maior do que fontes renováveis, como solar e eólica.
Caminho longo
Vale observar que o experimento consome uma grande quantidade de eletricidade, que nos EUA ainda emite uma quantidade importante de carbono para ser produzida. Outra observação é que o caminho que vai de uma experiência de laboratório bem-sucedida até uma planta comercial de produção de eletricidade é muito longo.
A notícia foi destacada por diversos veículos, com manchetes na Bloomberg, CNN, Guardian, NY Times, O Globo e Reuters, entre outros.