25/07/2025 - 18:26
Filho de brasileiros, ele cumprirá sete anos de prisão por fraude e falsidade ideológica. ]Republicano perdeu o mandato após mentir sobre seu currículo e ser acusado de estelionato contra doadores de campanha.O ex-deputado republicano George Santos se apresentou a uma prisão federal em Nova Jersey, nos EUA, nesta sexta-feira (25/07) para começar a cumprir uma sentença de sete anos pelas acusações de fraude que levaram à sua expulsão do Congresso americano.
O Departamento Federal de Prisões confirmou que o republicano de Nova York estava sob custódia na Instituição Correcional Federal de Fairton, no sul de Nova Jersey.
Filho de imigrantes brasileiros que se alçou à política nos Estados Unidos, Santos se declarou culpado pelos crimes de fraude eletrônica e roubo de identidade qualificado.
Ele foi condenado em abril deste ano por ter enganado doadores e se apropriado da identidade de uma dezena de indivíduos, incluindo membros de sua própria família, para financiar sua campanha.
Como foi revelado ao longo das investigações, o republicano usou os recursos eleitorais para benefício próprio, com cassinos, tratamentos de beleza e itens de luxo.
Justiça entendeu que não houve arrependimento
A Justiça federal se recusou a conceder a Santos uma sentença mais branda de dois anos, por entender que ele não demonstrou remorso genuíno por seus crimes.
Nas semanas que antecederam sua sentença, o ex-deputado afirmou estar “profundamente arrependido” por seus crimes, mas se disse vítima de uma “caça às bruxas” e de excessos por parte da promotoria. Ele acabou selando um acordo judicial no qual aceitou pagar em torno de 580 mil dólares (R$ 3,2 milhões) em multas e cumprir a pena de prisão
Santos tinha até esta sexta-feira para se apresentar à Justiça. Ele nutria esperanças de que seu apoio incondicional ao presidente americano Donald Trump pudesse lhe render um indulto de última hora. A Casa Branca disse esta semana que “não vai comentar sobre a existência ou inexistência” de um pedido de clemência.
Santos compara prisão a “sentença de morte”
Sempre presente nas redes, Santos publicou uma mensagem de despedida no X na noite de quinta-feira.
“Bem, queridos. As cortinas se fecham, os holofotes se apagam e as lantejoulas são guardadas”, escreveu ele. “Dos corredores do Congresso ao caos das notícias, que jornada foi essa! Foi bagunçado? Sempre. Glamouroso? Ocasionalmente. Honesto? Eu tentei… na maioria dos dias.”
Em uma entrevista concedida na quinta-feira, ele não havia revelado o nome da prisão onde cumpriria a pena, mas a descreveu como uma “grande melhoria” em relação ao presídio de segurança média para a qual havia sido inicialmente designado. O ex-parlamentar comparou sua prisão a uma “sentença de morte”.
Mentiras no currículo e fraude na campanha
Santos se elegeu à Câmara dos Representantes em 2022 pelo Partido Republicano com um currículo inventado, ocupando uma cadeira historicamente dominada por candidatos democratas.
Durante a campanha, se apresentou como um empresário de sucesso que havia trabalhado em firmas de prestígio de Wall Street e estudado em universidades de elite.
As acusações que indicaram falsidades em seu currículo e uso irregular dos recursos de campanha surgiram logo após a eleição. Parte das denúncias foram publicadas pelo jornal The New York Times.
Santos mentiu que era neto de sobreviventes do Holocausto, que a mãe escapou da morte durante os ataques às Torres Gêmeas em Nova York e que era judeu.
O ex-político tampouco trabalhou nos bancos Goldman Sachs ou Citigroup ou estudou na Universidade de Nova York (NYU) e no Baruch College, como alegava.
Cassação histórica
Santos passou a ser pressionado para renunciar o cargo antes mesmo de assumir, o que rejeitou por afirmar que não era um criminoso.
Mas uma investigação do Comitê de Ética da Câmara acusou o filho de brasileiros de fraude contábil, lavagem de dinheiro, estelionato contra doadores e desvio de dinheiro de campanha para pagamento de gastos pessoais, como injeções de botox, sites eróticos, viagens e compras em lojas de grife.
Em dezembro de 2023 foi cassado com votos favoráveis de membros de seu próprio partido. Ele foi apenas o sexto membro da Câmara a perder o mandato por expulsão em mais de 200 anos de história do Congresso americano.
Desde então, Santos apresentava um podcast chamado “Pants on Fire with George Santos” e vendia mensagens de vídeo personalizadas.
gq (AP, OTS)