02/08/2025 - 11:12
Conservador Álvaro Uribe, que governou o país de 2002 a 2010, terá que cumprir prisão domiciliar pelos crimes de fraude processual e suborno num caso ligado a ex-paramilitares. Cabe recurso.Ex-presidente da Colômbia de 2002 a 2010, o conservador Álvaro Uribe foi condenado a 12 anos de prisão domiciliar pelos crimes de fraude processual e suborno num caso ligado a ex-paramilitares.
A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (01/08) por um tribunal de primeira instância. Trata-se do primeiro ex-presidente colombiano a ser condenado.
Uribe, que está com 73 anos e alega inocência, afirma que o caso visa “destruir uma voz da oposição democrática” ao atual governo liderado pelo esquerdista e adversário Gustavo Petro, e já anunciou que pretende recorrer da sentença. Ainda assim, o tribunal decidiu pelo cumprimento imediato da prisão domiciliar.
Ele também foi condenado a pagar multa de 578 mil dólares (R$ 3,2 milhões), e está impedido de ocupar cargos públicos pelos próximos oito anos.
A Colômbia realizará eleições presidenciais em 2026, e diversos aliados de Uribe são cotados para a disputa.
A condenação do ex-presidente foi criticada pelo chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, que denunciou o que chamou de “instrumentalização do Judiciário da Colômbia por juízes radicais”.
Por que Uribe foi a julgamento
Enquanto foi presidente, Uribe comandou uma ofensiva militar contra guerrilhas de esquerda.
O processo que o condenou foi desencadeado por acusações de que ele teria ordenado a um advogado que subornasse paramilitares presos na cadeia para desacreditar alegações de que Uribe estaria envolvido com esses grupos.
As alegações partiram do senador de esquerda Iván Cepeda, que coletou depoimentos de ex-paramilitares que afirmaram que Uribe apoiava suas organizações em Antioquia, onde ele havia sido governador.
Em 2012, Uribe acusou Cepeda de ter orquestrado os depoimentos como parte de um complô para vinculá-lo aos paramilitares, mas a Suprema Corte decidiu, seis anos depois, que Cepeda não havia pago nem pressionado os ex-paramilitares.
Em vez disso, o tribunal concluiu que Uribe e seus aliados é que haviam pressionado as testemunhas. Cepeda foi classificado como vítima no processo e compareceu pessoalmente às audiências nesta segunda e sexta-feira.
Dois ex-paramilitares presos testemunharam que Diego Cadena, o advogado que representava Uribe à época, lhes ofereceu dinheiro para depor em favor de Uribe.
O ex-presidente, contudo, nega que tenha enviado Cadena para arregimentar testemunhas contra Cepeda entre os ex-paramilitares presos.
Além de assassinatos, paramilitares também são apontados como responsáveis por desaparecimentos, violência sexual, deslocamento de civis e outros crimes.
ra (Reuters, dpa, EFE)