13/11/2025 - 11:10
Operação mira esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões. Stefanutto dirigiu o instituto entre junho de 2023 e abril de 2025. Defesa diz que prisão é “ilegal”.A Polícia Federal (PF) prendeu, na manhã desta quinta-feira (13/11), o ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)Alessandro Stefanutto. A prisão se deu na nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), que mira um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS.
Stefanutto, que assumiu o cargo em julho de 2023, foi exonerado em abril deste ano, quando a PF e a CGU realizou a primeira operação sobre o esquema. Segundo a apuração, os valores teriam sido irregularmente retidos das pensões de milhares de beneficiários entre 2019 a 2024.
Nesta quinta-feira, policiais federais e auditores da CGU cumpriram 63 mandados de busca e apreensão, 10 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares diversas em 15 unidades da federação.
Entre os detidos estão outras pessoas vinculadas às entidades investigadas. O ex-ministro da Previdência no governo de Jair Bolsonaro Armed Mohamad (José Carlos) Oliveira também sofreu medida cautelar e passará a usar tornozeleira eletrônica.
Antônio Carlos Antunes Camilo, conhecido como Careca do INSS, foi alvo de um novo mandado de prisão. Ele já está detido desde setembro, acusado pela PF de ser um dos principais operadores do esquema de descontos irregulares.
“Estão sendo investigados os crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário, corrupção ativa e passiva, além de atos de ocultação e dilapidação patrimonial”, divulgou a Polícia Federal.
Em nota à imprensa, a defesa de Stefanutto disse que ele comprovará sua inocência ao final dos procedimentos relacionados ao caso. “Trata-se de uma prisão completamente ilegal, uma vez que Stefanutto não tem causado nenhum tipo de embaraço à apuração, colaborando desde o início com o trabalho de investigação”, escreveu.
Como funcionava o esquema
O esquema envolvia associações de classe, que cobravam um valor de aposentados e pensionistas para a realização de serviços como assessoria jurídica ou convênios com academias e planos de saúde.
Esse dinheiro podia ser descontado diretamente da folha de pagamento dos beneficiários, desde que houvesse o consentimento explícito, e era repassado às associações. Essas entidades também precisavam assinar um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o INSS para receber os valores.
Contudo, milhares de beneficiários passaram a identificar descontos não autorizados em sua pensão. A PF identificou que entidades forjavam vínculos com aposentados e pensionistas, que tinham seu benefício reduzido sem seu consentimento e sem receber os serviços prometidos. Segundo a investigação, os valores desviados, que já estão sendo devolvidos pelo INSS, podem ultrapassar os R$ 6 bilhões.
O governo federal prometeu em julho devolver o dinheiro descontado sem autorização dos aposentados. Os pensionistas que foram alvos do esquema têm até 14 de fevereiro de 2026 para pedir o dinheiro de volta.
gq/cn (Agência Brasil, OTS)
