Preços do malte e do gás carbônico aumentaram 90%, e amantes da cerveja alemã logo terão que pagar mais caro pela bebida. Associação de cervejeiros vê empresas em risco de fechar.Os tempos em que o consumo médio per capita de cerveja na Alemanha era de 145 litros ficaram para trás. Mas, quase 40 anos depois, ainda chegou a cerca de 92 litros em 2022, deixando a indústria cervejeira satisfeita. O volume de negócios anual ronda os 7,6 bilhões de euros. No entanto, esses altos consumo e faturamento estão ameaçados.

Isso porque a maioria das 1.500 cervejarias alemãs terá de aumentar seus preços entre 6% e 9%. De acordo com a Associação Alemã de Cervejeiros, os fabricantes estão sofrendo uma enorme pressão de custos após os anos da crise causada pela pandemia.Os custos de produção de malte de cevada e gás carbônico subiram 90%.

De acordo com o Departamento Federal de Estatística, as cervejarias alemãs venderam cerca de 8,8 bilhões de litros de cerveja no ano passado. Isso corresponde a um aumento de 2,7% em relação ao ano de crise 2021, mas mesmo assim ainda 5% abaixo do nível do período pré-crise, informa o diretor da Associação Alemã dos Cervejeiros, Holger Eichele.

Mais de 40 cervejarias desapareceram do mercado como resultado das perdas causadas pela pandemia. “E tememos que esse número aumente”, diz Eichele. “Pequenas e médias empresas, em particular, correm riscos com os altos custos decorrentes não apenas da crise decorrente da covid, mas também agora da crise energética.”

Tonelada de malte custa até 1.000 euros

Ainda existem cerca de 1.500 cervejarias na Alemanha, mas devido ao enorme aumento de custos elas estão enfrentando um ano extremamente difícil.

“Em 2022, o malte de cevada teve um aumento de até 90%. Já as garrafas retornáveis, de vidro, subiram 70%. O gás carbônico, 90%”, calcula Eichele.

Como resultado dessa avalanche de custos, a cervejaria privada Veltins, por exemplo, está aumentando seus preços em 6%. E isso apesar de a marca ter vendido cerca de 3,1 milhões de hectolitros de cerveja, o que corresponde a um aumento líquido de 8,4%. Em termos de vendas, a Veltins teve um aumento de 15,4%, para 419 milhões de euros. Mas isso não muda os “custos imensamente altos que temos de absorver”, enfatiza o porta-voz da cervejaria Ulrich Biene, citando um exemplo: “Antes da crise, uma tonelada de malte custava cerca de 300 euros; atualmente, o preço chega a ultrapassar 700 euros.”

Como os cálculos são feitos com base na produção esperada, conseguiu-se uma certa estabilidade de preços por meio de contratos de fornecimento correspondentes. No mercado à vista, acrescenta Biene, no entanto, “foram por vezes alcançados preços superiores a 1.000 euros por tonelada”.

Preço das tampas subiu 120%

As caixas de cerveja também encareceram, em 40%. Em vez de cerca de 5 euros, as cervejarias agora têm que pagar até 8 euros por elas. O preço do barril de cerveja também subiu, até 60%. E preço do lúpulo, indispensável para a cerveja, aumentou cerca de 35%. Com um acréscimo de 120%, o preço das tampas de garrafa explodiu.

Sem esquecer os custos de produção advindos da eletricidade e do gás. A Associação Alemã de Cervejeiros estima seu aumento em 750%.

“Estamos lidando com problemas que a indústria cervejaria ainda não havia tido”, diz o porta-voz da Veltins. Além do aumento acentuado dos preços das matérias-primas e produtos intermediários, a inflação é outro fator de aumento de custos. Para a coproprietária Carla Fiege, “infelizmente, é inevitável uma transferência proporcional da flagrante explosão de custos para o mercado de forma a podermos reagir à atual situação”.

Novos aumentos não são descartados

Nesse contexto, os consumidores podem não entender por que grandes grupos varejistas oferecem cervejas de marca a preços extremamente baixos. Segundo dados da sociedade de pesquisa de mercado GfK, uma caixa de 20 garrafas de meio litro em oferta custava em média cerca de 9,90 euros em novembro passado, enquanto o preço normal de uma caixa dessas girava em torno de 13,40 euros.

Nas palavras do gerente geral da Associação de Cervejeiros, “ocorre uma guerra de preços ruinosa nas costas das cervejarias”. “O produto em parte está sendo vendido a preços irrisórios. Nós nos opomos a isso, mas infelizmente temos pouca influência sobre como se comportam os varejistas.”

A cervejaria privada Fiege, por exemplo, sempre rejeitou pedidos de grupos varejistas para participar de promoções do tipo, pois eles não querem vender abaixo do preço e, portanto, abaixo do valor.

Aumentos entre 6% e 9%

No entanto, a maioria das cervejarias diz que não tem escolha a não ser aumentar os preços da cerveja. Assim como o grupo Bitburger, detentor também das marcas König Pilsener, Licher e Köstritzer. Outras cervejarias maiores e médias também anunciaram aumentos de preços entre 6% e 9%.

O aumento dos custos tem que ser repassado aos preços mais cedo ou mais tarde, afirma Eichele. Ele deixa em aberto se os aumentos anunciados para 2023 serão realmente os últimos aumentos de preços no futuro próximo.

Ulrich Biene, da Veltins, admite ser difícil repassar na íntegra todos os custos adicionais para o consumidor no caso de um “produto emocional como a cerveja”. Nesse sentido, não há como não reduzir a receita do setor “e economizar em outras áreas com um planejamento orçamentário preciso”. Afinal, nenhuma cervejaria quer perder clientes.