Não é só desastre que ocorre quando há uma erupção vulcânica: dependendo das condições, ela pode significar uma renovação da vida. Um artigo publicado ontem (5 de setembro) na revista “Science” ilustra bem isso.

Ao olharem fotos da erupção do vulcão havaiano Kilauea feitas em julho de 2018 por um satélite da Nasa, cientistas das universidades do Havaí e do Sul da Califórnia (USC) notaram que a água do oceano ao redor do vulcão estava ficando verde. O satélite detectou grandes quantidades de clorofila, o pigmento verde que converte luz em energia presente em algas e outras plantas.

Os pesquisadores foram de barco à região para coletar amostras. Eles tentavam descobrir por que tantas algas começaram a crescer na água quando houve um derramamento de aproximadamente 1 bilhão de toneladas de lava quente.

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O novo estudo mostra que a pluma verde no oceano ao redor do vulcão continha o coquetel perfeito para o crescimento das plantas: uma mistura fértil de níveis mais altos de nitrato, ácido silícico, ferro e fosfato.

“Não havia razão para esperarmos que uma floração de algas desse tipo acontecesse” disse o geoquímico Seth John, professor assistente de ciências da Terra da USC e autor do estudo. “A lava não contém nitrato.”

Desequilíbrio

Na água ou em terra, o nitrogênio é um fertilizante natural para plantas. Com tais condições, explicam os pesquisadores, a eflorescência de algas se expandiu por centenas de quilômetros no Oceano Pacífico.

“Geralmente, sempre que uma alga cresce e se divide, ela é devorada imediatamente por outro plâncton”, observou Nicholas Hawco, coautor do estudo e pesquisador de pós-doutorado da USC. “A única maneira de haver essa floração é se ocorrer um desequilíbrio.”

Para os cientistas, o nitrogênio provavelmente tem origem no fundo do oceano. Quando a lava quente entrou, forçou uma ressurgência de águas mais frias e profundas do Pacífico. Ao subir, a água transportou nitrogênio e outras partículas para a superfície, ajudando as algas a se proliferar.

“Ao longo da costa da Califórnia, existem afloramentos regulares”, disse John. “Todos os estratos de algas e criaturas marinhas que habitam esses ecossistemas são basicamente movidos por correntes que trazem nutrientes fertilizantes das águas profundas para a superfície.”