25/10/2025 - 11:49
Manifestantes saíram às ruas de Hamburgo e outras cidades dez dias após chanceler federal vincular imigrantes a um “problema da paisagem urbana”. No entanto, pesquisa aponta que maioria dos alemães concorda com político.O chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, continua a ser alvo de críticas mais de uma semana depois de proferir uma fala controversa que vinculou imigrantes a um “problema de paisagem urbana”. Neste sábado (25/10), várias cidades alemãs foram palcos de novos protestos em repúdio à declaração, que rendeu ao político conservador acusações de racismo.
Em Hamburgo, pelo menos 2.650 pessoas saíram às ruas para se manifestar contra o chanceler federal, segundo a polícia local – os organizadores falaram em 10 mil pessoas.
Em Magdeburg, no sul do país, algumas centenas de pessoas também protestaram. Houve também uma vigília em Leverkusen no oeste do país. Já Bielefeld foi palco de um protesto na sexta-feira, que reuniu pelos menos 4 mil pessoas, incluindo uma deputada federal do Partido Social-Democrata, legenda aliada da União Democrata-Cristã (CDU) de Merz na coalizão de governo federal.
Na manifestação foram exibidos cartazes com frases como “Somos a paisagem urbana – contra qualquer tipo de divisão” e “Cérebro e coração em vez de Friedrich Merz”. Já em Bonn, a sede local da CDU foi vandalizada com pichações, incluindo uma frase sarcástica que dizia “Medidas para embelezar a paisagem urbana”.
Em 14 de outubro, durante um evento oficial no estado de Brandemburgo, no leste da Alemanha, Merz atraiu controvérsia ao responder a uma pergunta sobre sua estratégia em resposta à ascensão do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD). Na ocasião, ele apontou que os pedidos de refúgio no país haviam caído 60% em agosto em comparação com o ano anterior.
“Mas é claro que ainda temos esse problema na paisagem urbana, e é por isso que o ministro do Interior está ocupado possibilitando deportações e realizando-as em larga escala”, acrescentou, no que pareceu ser uma alusão à presença excessiva de imigrantes nas cidades.
Agravando a controvérsia, houve o fato de a frase em questão não ter aparecido posteriormente na transcrição do discurso enviada pela assessoria de imprensa do governo. Um porta-voz tentou justificar isso pouco depois, argumentando que, quando Merz a proferiu, não estava falando como chanceler federal, mas como líder do partido. Posteriormente, Merz esclareceu que se referia aos migrantes sem autorização de residência e emprego que não cumprem as leis alemãs.
Mas o estrago político já estava feito. Até mesmo colegas de partido de Merz, como o prefeito de Berlim, Kai Wegner, se distanciaram das declarações do chefe de governo alemão.
Maioria dos alemães não vê problema na fala do chanceler federal
Apesar da controvérsia política, uma pesquisa divulgada na sexta-feira (24/10) mostrou que a maioria dos cidadãos alemães concorda com os recentes comentários do chanceler Friedrich Merz.
Em levantamento encomendado pela emissora pública ZDF, 63% dos entrevistados disseram concordar com as declarações do chanceler federal, enquanto 29% disseram discordar.
Por outro lado, apenas 18% dos entrevistados disseram considerar que os refugiados causam problemas em seus bairros, com cerca de 74% afirmando que não notaram problemas significativos ou qualquer problema.
Jps (dpa, ots)
