Fast food é uma invenção moderna? Nada disso, comprovou um estudo arqueológico realizado na cidade romana de Pompeia, soterrada por uma erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C. Segundo o site BBC News e o jornal “The Washington Post”, o restaurante fast food descoberto no local será aberto ao público – apenas para visualização – no próximo ano.

Conhecido como thermopolium, o estabelecimento provavelmente servia comidas e bebidas quentes para os moradores da cidade. Decorado com afrescos brilhantes e potes de terracota, ele foi descoberto em 2019 e “inaugurado” no sábado, 26 de dezembro.

A erupção do Vesúvio enterrou Pompeia em uma espessa camada de cinzas. Isso preservou a cidade e os contornos de muitos de seus moradores no tempo, tornando a cidade um tesouro arqueológico.

As pinturas encontradas no restaurante provavelmente mostram alguns dos alimentos oferecidos aos clientes, como frango e pato. Vestígios de carne de porco, peixe, caracóis e boi também foram encontrados em potes e outros recipientes.

“Descoberta extraordinária”

A descoberta foi “extraordinária”, declarou Massimo Ossana, diretor do parque arqueológico de Pompeia, à agência noticiosa Reuters. Segundo Osanna, cerca de 80 desses estabelecimentos de comidas rápidas já haviam sido encontrados em Pompeia antes. Mas esta foi a primeira vez que um restaurante com bebida quente (daí o nome “termopólio”) foi descoberto integralmente. “É a primeira vez que escavamos um termopólio inteiro”, disse ele.

As escavações revelaram um balcão multifacetado, com buracos largos típicos inseridos em seu topo. A bancada continha recipientes profundos para alimentos quentes, não muito diferentes de recipientes de sopa aninhados em um bufê de saladas moderno.

Vista parcial do termopólio encontrado em Pompeia: primeiro caso em que um desses estabelecimentos foi descoberto por inteiro. Crédito: © Luigi Spina | Cortesia do Parque Arqueológico de Pompeia

Entre os afrescos havia a figura de uma nereida (ninfa submarina) montada em um cavalo. Imagens de dois patos-reais de cabeça para baixo e um galo, com plumagem pintada com a típica cor vívida denominada vermelho de Pompeia, também decoravam o ambiente. Elas provavelmente serviam para divulgar o menu do local. Outro afresco mostrava um cachorro na coleira – talvez uma mensagem semelhante aos lembretes modernos para colocar animais de estimação na coleira nesses locais.

A descoberta do esqueleto completo de um cachorro surpreendeu os arqueólogos. Não se tratava de um “cão grande e musculoso como o pintado no balcão, mas de um exemplar extremamente pequeno” de um cão adulto, cuja altura ao nível do ombro era de 20 a 25 centímetros, disse a antropóloga Valeria Amoretti, da equipe de Pompeia. É bastante raro, disse ela, encontrar vestígios de tempos antigos de cães tão pequenos. Tais descobertas “atestam a criação seletiva na época romana para obter esse resultado”.

Boa localização

Entre os itens desenterrados também figuravam uma concha de bronze, nove ânforas (recipientes de comida populares na época romana), um par de frascos e um recipiente de cerâmica para óleo.

Os pesquisadores atentaram ainda para a localização do fast food. Segundo eles, o interesse em situá-lo bem também existia na época – segundo Osanna, o restaurante ficava diante de uma pequena praça, e havia outro termopólio na vizinhança.

Pompeia fica a cerca de 23 km a sudeste de Nápoles. Atualmente, a cidade romana está fechada devido à pandemia de coronavírus. Os administradores do parque esperam poder reabri-lo na Páscoa de 2021.

Cerca de um terço da antiga cidade ainda não foi descoberto, e achados importantes continuam a acontecer ali. Em novembro, por exemplo, No mês passado, foram descobertos os restos mortais de dois homens, supostamente um cidadão de alto status e seu escravo, falecidos durante a erupção.