As fêmeas de lagartos da espécie Egernia striolata podem se reproduzir mesmo quando não encontram um macho por mais de um ano, pois armazenam esperma de parceiros anteriores, de acordo com uma nova pesquisa. A descoberta, feita por cientistas da Universidade Macquarie (Austrália) e da Universidade Dalhousie (Canadá), é a primeira evidência desse tipo de comportamento reprodutivo entre os lagartos sociais. O estudo a esse respeito foi publicado na revista Journal of Heredity.

Os lagartos Egernia striolata são tipicamente monogâmicos e vivem em grupos familiares. Os pesquisadores separaram as fêmeas dos machos para um estudo completamente diferente. Para sua grande surpresa, algumas fêmeas deram à luz mais de um ano depois e alguns filhotes foram gerados por um macho que não era o parceiro da fêmea.

“Aposta” genética

O estudo sugere que o armazenamento de espermatozoides por fêmeas pode ser uma espécie de “aposta” genética, reduzindo o risco de endogamia e aumentando a sobrevivência da prole ao escolher acasalar com machos geneticamente mais diversos do que seu parceiro principal.

O acasalamento fora do casal apresenta riscos para uma fêmea Egernia striolata – existe a possibilidade de ela ser pega em flagrante, ou de a prole ser rejeitada pelo parceiro. “Ser capaz de armazenar espermatozoides desses encontros por longos períodos de tempo provavelmente oferece vantagens reprodutivas para as fêmeas”, disse a drª Julia Riley, do Departamento de Biologia da Universidade Dalhousie.

Para o professor Martin Whiting, do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Macquarie e coautor do estudo, as descobertas destacam o controle pouco apreciado que as fêmeas têm sobre a reprodução e maximizam sua própria aptidão reprodutiva. “Pesquisas futuras podem abordar o quão disseminado é o armazenamento de espermatozoides em lagartos, como o trato reprodutivo feminino permite que o esperma permaneça viável depois de tanto tempo e em que condições as fêmeas buscam a paternidade além de seus parceiros”, afirmou ele.

Whiting acrescentou: “Esta pesquisa destaca como até mesmo estudos bem planejados às vezes tomam um rumo inesperado e levam a novas e empolgantes descobertas. Agora sabemos que as fêmeas Egernia striolata, já famosas por sua vida familiar, estão provavelmente um passo à frente de seus parceiros masculinos”.