Em junho de 2021, uma onda de calor extremo atingiu a região do noroeste do Pacífico na América do Norte. As temperaturas subiram acima de 40°C no Oregon, em Washington (EUA) e na Colúmbia Britânica (Canadá), às vezes chegando a 50°C. Especialistas estimam que pelo menos várias centenas de pessoas morreram como resultado do fenômeno.

Em um artigo publicado na revista Earth’s Future, Dominik Schumacher, do Instituto de Ciência Climática e Atmosférica do Instituto de Tecnologia Federal de Zurique (ETH Zurich, na Suíça), e seus colegas identificaram fatores terrestres que causaram a onda de calor.

Os pesquisadores separaram as causas potenciais usando o Community Earth System Model, um modelo atmosférico desenvolvido pelo Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR, dos EUA) e disponibilizado gratuitamente para uso da comunidade climática.

A onda de calor de 2021 no noroeste do Pacífico trouxe temperaturas recordes do Oregon à Colúmbia Britânica. As temperaturas da área em 29 de junho de 2021 são mostradas acima. Crédito: Agência Espacial Europeia/Copernicus Sentinel, CC BY-SA 2.0

Origem no norte do Oceano Pacífico

A onda de calor começou a milhares de quilômetros do noroeste do Pacífico, no norte do Oceano Pacífico, descobriram os pesquisadores. Acima do mar aberto, a alta umidade carregava energia potencial no ar. Esse ar amplificado viajou milhares de quilômetros em correntes de ar conhecidas como “correias transportadoras” para alcançar o oeste da América do Norte.

A partir daí, ele desceu em espiral em direção ao solo, onde a energia potencial se converteu em calor. Esse ar quente passou a se espalhar tanto na vertical quanto na horizontal. A propagação vertical afunilou calor adicional de cima na atmosfera, e a propagação horizontal trouxe temperaturas perigosamente altas para uma ampla área geográfica.

A umidade extremamente baixa do solo também contribuiu para a onda de calor, dizem os autores. Os solos úmidos amortecem o calor extremo e, se as condições do solo fossem mais úmidas, as temperaturas poderiam ter sido 5°C mais baixas.

Por pior que tenha sido, a onda de calor ainda poderia ter sido pior, dizem os pesquisadores. O solo poderia estar ainda mais seco, a região contra o vento poderia estar mais quente e o ar acima do Oceano Pacífico poderia estar mais úmido. À medida que o planeta esquentar no futuro, a expectativa dos autores é que essas tendências se confirmem.