26/12/2024 - 7:31
Ao menos 14 foram mortos após operação para prisão de um funcionário do ditador deposto. Na mesma cidade palco do confronto, alauitas protestaram alegando serem alvo de violência e intolerância religiosa.Um dia após ser alvo de emboscada e perder 14 agentes, as forças de segurança da Síria deflagraram uma operação nesta quinta-feira (26/12) para “neutralizar um número determinado” de homens armados leais ao presidente deposto, ditador Bashar al-Assad, informou a Sana, agência de notícias estatal do país.
O confronto de quarta-feira entre as forças de segurança e “milícias” ocorreu na província de Tartus, segundo observadores e o novo ministério sírio do Interior, durante operação para prisão de um ex-funcionário de Assad acusado de cometer crimes relacionados à prisão de Sednaya.
O oficial teria, segundo o Observatório Sírio para Direitos Humanos, entidade com sede no Reino Unido, “emitido penas de morte e julgamentos arbitrários contra dezenas de prisioneiros”. Apesar da emboscada, diversas prisões foram feitas.
Os agentes de segurança mortos pertenciam ao grupo islamista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que liderou a ofensiva rebelde que pôs fim ao regime de Assad no início deste mês.
Em postagem na rede social Telegram, o novo ministro do Interior, Mohammed Abdel Rahman, prometeu reprimir duramente “qualquer um que ouse prejudicar a segurança da Síria ou pôr em risco a vida de seus cidadãos”.
Alauitas protestam
Milhares de muçulmanos alauitas, grupo étnico-religioso minoritário do qual o ex-presidente faz parte, saíram às ruas da Síria para protestar após o surgimento de um vídeo nas redes sociais que supostamente comprovaria a vilipendiação de um santuário religioso. A autenticidade do material não pôde ser comprovada de forma independente.
Autoridades sírias, que têm se esforçado para convencer a comunidade internacional de que estão comprometidos com uma transição pacífica de poder e com o respeito às minorias, insistem que o vídeo que despertou a ira dos manifestantes é antigo.
Os protestos também são motivados pela revolta com relatos de que alauitas teriam sido alvo de violência recentemente.
Essas manifestações aconteceram em cidades ao longo da costa do Mediterrâneo, que concentram a maioria dos alauitas – uma delas era Tartus, palco do confronto da noite desta quarta-feira com as forças de segurança do novo regime.
Em Homs, no centro do país, o Observatório Sírio afirma que uma pessoa foi morta e outras cinco foram feridas após “forças de segurança (…) abrirem fogo para dispersar” a multidão.
Os alauitas perfazem cerca de 9% da população síria, segundo o especialista em Oriente Médio Fabrice Balanche, da Universidade Lumiere Lyon 2, na França.
“Os alauitas eram bastante próximos do regime de Assad. A associação deles ao regime pode torná-los alvo de uma revanche coletiva – principalmente porque islamistas os consideram hereges”, disse o estudioso à agência de notícias AFP.
ra (AFP, AP, Reuters)