19/08/2025 - 14:44
Um estudo publicado na revista “Nature” na quarta-feira, 13 de agosto, descreveu a descoberta de dentes fossilizados na região de Afar, na Etiópia, que indicam a presença de duas espécies de ancestrais humanos que viveram no mesmo lugar entre 2,6 milhões e 2,8 milhões de anos.
Dez dos dentes, encontrados entre 2018 e 2020, pertencem ao gênero Australopithecus e outros três ao gênero Homo, do qual os seres humanos fazem parte. Pesquisadores não acreditavam que ambos poderiam ter sido contemporâneos por conta da raridade em encontrar fósseis dos dois hominídeos juntos. As informações são da “CNN Science”.
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Os Australopithecus andavam como os seres humanos, mas tinham cérebros menores, similares aos dos macacos em tamanho.
A coexistência do gênero com o Homo é mais uma das indicações de que a evolução não é uma linha reta, mas na realidade uma árvore com muitas ramificações, afirmou a antropóloga Kaye Reed, coautora do estudo e professora emérita do Instituto de Origens Humanas e da Escola de Evolução Humana e Mudança Social da Universidade Estadual do Arizona, nos EUA.
“Esta nova pesquisa mostra que a imagem que muitos de nós temos em mente, de um macaco, um neandertal e um humano moderno, não está correta — a evolução não funciona assim”, afirmou a pesquisadora.
Reed é codiretora de um projeto de pesquisa que busca por evidências mais recentes do Australopithecus afarensis, uma espécie cujo registro mais antigo data de 3,9 milhões de anos, mas não foram encontrados vestígios do animal depois de 2,95 milhões de anos atrás, sugerindo que ele foi extinto antes do surgimento do gênero Homo.
Quando os pesquisadores encontraram os dentes de Australopithecus entre 2018 e 2020 na Etiópia, os fósseis foram comparados com a espécie afarensis, mas não combinaram. Os cientistas acreditam que os restos mortais possam pertencer a um animal do gênero que não é conhecido.
Os dentes se assemelhavam com os de afarensis, mas algumas características se diferenciavam das estruturas de Australopithecus e de qualquer espécie do gênero Homo. Apesar dos indícios, a equipe está cautelosa em determinar a qual espécie os ossos pertencem até que se tenham mais dados e fósseis.
Saber se Australoptihecus e Homo viveram no mesmo lugar durante o mesmo período pode ajudar pesquisadores a entenderem se os ancestrais humanos compartilhavam ou competiam por recursos.