13/11/2025 - 13:37
Ataques jihadistas deixaram marca indelével para sobreviventes e vida pública francesa, que teve a segurança reforçada desde então.A França rememora nesta quinta-feira (13/11) os atentados terroristas que, há exatos dez anos, deixaram 130 mortos em Paris. Naquela noite, membros do Estado Islâmico (EI) atacaram seis locais movimentados da capital francesa. Outras três centenas de pessoas ficaram feridas, e o episódio deixou uma marca indelével na vida francesa.
A homenagem às vítimas no décimo aniversário dos ataques teve início no estádio Stade de France, nos arredores da capital, o primeiro atingido pelos terroristas. Lá o presidente Emmanuel Macron abriu o dia de cerimônias, ao lado da esposa, Brigitte Macron, e do ex-presidente François Hollande, que estava no local quando o atentado começou.
“A dor permanece”, escreveu Macron na rede social X. “Em solidariedade, pelas vidas perdidas, pelos feridos, pelas famílias e entes queridos, a França se lembra.”
Os outros cinco lugares onde se deram os ataques foram a casa de espetáculos Bataclan, o restaurante Le Petit Cambodge, o bar Le Carrilon, a pizzaria Casa Nostra e o bar Belle Equipe. O presidente Macron visitaria todos eles em seguida nesta quinta.
“Guerra” contra o jihadismo
À época, o EI afirmou que os ataques foram uma resposta aos “bombardeios de muçulmanos na terra do califado”, termo para designar as regiões do Iraque e da Síria então controladas pela organização.
O único sobrevivente da célula jihadista de dez pessoas que realizou os ataques, Salah Abdeslam, cumpre prisão perpétua. Os outros nove se suicidaram ou foram mortos pela polícia.
O então presidente Hollande foi retirado às pressas do Stade de France na noite do ataque. Mais tarde, ele apareceria na televisão nacional para declarar que a França estava “em guerra” com os jihadistas e seu califado autoproclamado.
“A França, ao longo desses anos, conseguiu permanecer unida e superar tudo”, disse Hollande numa entrevista recente.
Em Paris, sobreviventes e familiares dos mortos tentaram reconstruir suas vidas nos últimos dez anos. Enquanto isso, a segurança armada tornou-se mais visível nos espaços públicos da capital.
Museu para vítimas
Eva, que pediu para que seu sobrenome não fosse usado, teve a perna amputada abaixo do joelho depois de ser ferida quando jihadistas atacaram o café La Belle Equipe, matando 21 pessoas.
Desde então, ela voltou a frequentar as várias calçadas de cafés da capital, mas disse que “nunca mais” ficará de costas para a rua.
Os nomes daqueles que foram mortos, bem como de duas pessoas que cometeram suicídio na sequência, foram inscritos em placas comemorativas espalhadas por Paris.
Um museu será criado para preservar suas memórias. O Museu Memorial do Terrorismo, previsto para abrir em 2029, abrigará cerca de 500 objetos ligados aos ataques ou às suas vítimas, a maioria doada pelas famílias enlutadas aos curadores.
A coleção inclui um ingresso de concerto doado por uma mãe que perdeu sua única filha no Bataclan e a guitarra inacabada de um luthier que também foi morto no show.
Também contém o quadro negro do menu do La Belle Equipe perfurado por balas, ainda com as palavras “Happy Hour”. Os eventos daquela noite de outono também foram registrados em livros e roteiros.
Trauma permanece
Mas alguns sobreviventes e familiares das vítimas encaram as homenagens com apreensão.
Hugo, filho de 23 anos de Stephane Sarrade, foi morto no Bataclan, um lugar que o pai evita desde então. “Sou incapaz de ir lá”, disse ele, acrescentando que ficaria longe das cerimônias de quinta-feira.
Nadia Mondeguer, cuja filha Lamia foi morta aos 30 anos no La Belle Equipe, disse que estava indecisa sobre o aniversário de dez anos. “Tenho sentido como se uma febre tomasse conta de mim […], a adrenalina começando a subir novamente”, disse.
Para ela, as vítimas foram incluídas nas cerimônias oficiais apenas como “espectadores”. Mas decidiu comparecer, de todo modo, a uma cerimônia no La Belle Equipe para encontrar outros familiares de vítimas.
ht/ra (AFP, dpa)