18/09/2025 - 16:37
Centenas de milhares de franceses foram às ruas pressionar contra cortes orçamentários que devem compor projeto para 2026. 180 manifestantes foram presos.Protestos em massa contra medidas de austeridade reuniram milhares de pessoas na França nesta quinta-feira (18/09). Segundo o Ministério do Interior francês, ao menos 500 mil manifestantes foram às ruas para pressionar contra cortes no projeto orçamentário de 2026 que será apresentado pelo novo primeiro-ministro, Sébastien Lecornu.
A França vive uma crise política e econômica que já exigiu ao presidente francês Emmanuel Macron nomear sete primeiros-ministros durante a sua gestão. O país enfrenta forte déficit fiscal e um descontrole da dívida pública que têm exigido medidas de austeridade e derrubado a popularidade de Macron.
O país chegou a propor até mesmo eliminar dois feriados nacionais para corrigir o problema, embora Lecornu já tenha anunciado que a medida será retirada.
Lecornu e Macron enfrentam pressão, de um lado, dos manifestantes e partidos de esquerda contrários aos cortes, e, de outro, de investidores preocupados com o déficit da segunda maior economia da zona do euro. Nenhum dos três principais blocos parlamentares tem maioria.
Sindicatos convocam greve geral
A mobilização foi convocada por uma ampla aliança de sindicatos, que argumentam que as medidas podem ameaçar a subsistência de trabalhadores, aposentados e famílias de baixa renda.
Manifestantes também pedem o cancelamento dos planos fiscais do governo anterior, mais investimentos em serviços públicos, aumento de impostos para os mais ricos e a reversão da reforma da Previdência, que aumentou o tempo de contribuição para se aposentar.
Muitos aderiram a greves em todo o país, afetando o funcionamento de farmácias, escolas e o transporte público. Diversos bloqueios de ruas foram montados pela manhã em garagens de ônibus, centros de tráfego e escolas, enquanto dezenas de manifestantes chegaram a invadir brevemente o pátio do Ministério da Economia.
Na capital, a polícia lançou gás lacrimogêneo em várias ocasiões para dispersar manifestantes que arremessavam latas e pedras. Os agentes também intervieram para impedir tentativas de vandalizar sedes de bancos.
Cerca de 80 mil policiais foram mobilizados, incluindo unidades de choque, drones e veículos blindados. Até o momento, mais de 180 pessoas foram detidas, 30 delas em Paris.
“A raiva é imensa, e a determinação também. Minha mensagem para o sr. Lecornu hoje é esta: quem deve decidir o orçamento são as ruas”, disse Sophie Binet, líder do sindicato CGT.
gq (Reuters, DPA)