Tempestades matam ao menos 25 no Haiti e ameaçam agravar a crise em Cuba, após gerar fortes danos na Jamaica. Autoridades rebaixam furacão para categoria 2, mas alertam sobre possíveis riscos à população.A passagem do furacão Melissa causou a morte de ao menos 25 pessoas no Haiti e deixou um rastro de destruição em Cuba nesta quarta-feira (29/10), após causar danos generalizados e cortes no fornecimento de energia na Jamaica no dia anterior.

As 25 mortes registradas no Haiti ocorreram na cidade costeira de Petit-Goâve, no sul do país. O prefeito Jean Bertrand Subrème afirmou que o rio La Digue transbordou e inundou casas próximas, dezenas das quais desabaram, e que ainda havia pessoas presas sob os escombros na manhã desta quarta-feira.

O prefeito fez um apelo ao governo por ajuda no resgate das vítimas. Apenas um funcionário da Agência de Proteção Civil do Haiti estava na região, enquanto os moradores lutavam para abandonar a área em meio às fortes enchentes desencadeadas pelo furacão nos últimos dias.

Ao menos uma morte foi relatada na Jamaica, onde o Melissa atingiu a costa na terça-feira com ventos sustentados de até 295 quilômetros por hora, se tornando um dos furacões mais fortes já registrados no Atlântico. Uma árvore caiu sobre um bebê no oeste da ilha, afirmou a ministra de Estado Abka Fitz-Henley, acrescentando que a maior parte da destruição se concentrou no sudoeste e noroeste do país.

Furacão pode agravar crise em Cuba

O Instituto Cubano de Meteorologia (Insmet) informou nesta quarta-feira que o Melissa perdeu força e foi rebaixado para categoria 2 – de um total de 5 na escala Saffir-Simpson –, mas alertou que fortes chuvas, ventos intensos e as fortes ondas geradas pela tempestade continuarão na região leste do país.

Autoridades relataram casas desabadas, estradas de montanha bloqueadas e telhados arrancados. Cerca de 735.000 pessoas foram acolhidas em abrigos no leste de Cuba.

Nesta quarta-feira, o Melissa tinha ventos máximos sustentados de 155 quilômetros por hora e se movia para nordeste a 22 km/h, de acordo com o Centro Nacional de Furacões dos EUA em Miami. O furacão estava centrado a cerca de 245 quilômetros ao sul da região central das Bahamas.

A previsão era de que o Melissa continuasse a enfraquecer ao cruzar Cuba, embora devesse permanecer forte ao atravessar o sudeste ou o centro das Bahamas nesta quarta-feira. É esperado que o furacão chegue perto ou passe a oeste das Bermudas no final desta quinta-feira. Haiti e Ilhas Turcas e Caicos também deverão sentir os efeitos das tempestades.

A tempestade deve gerar uma maré de tempestade de até 3,6 metros na região e despejar até 51 centímetros de chuva em partes do leste de Cuba. Chuvas intensas podem causar inundações com risco à população e inúmeros deslizamentos de terra, disseram os meteorologistas dos EUA.

O furacão pode agravar a grave crise econômica em Cuba, que já sofreu uma série de apagões prolongados, além da escassez de combustíveis e alimentos.

“Haverá muito trabalho a fazer. Sabemos que haverá muitos danos”, disse o presidente cubano Miguel Díaz-Canel em discurso televisionado. No qual pediu à população que não subestimasse o poder do Melissa, “o mais forte a atingir o território nacional”.

Jamaica avalia os danos

Autoridades jamaicanas relataram dificuldades na avaliação dos danos, enquanto o Centro Nacional de Furacões do país disse que o governo local havia suspendido o alerta de tempestade tropical.

Mais de meio milhão de pessoas estavam sem energia no final desta terça-feira. Foram relatados extensos danos em algumas regiões de Clarendon, no sul, e na paróquia de St. Elizabeth, no sudoeste, que ficou submersa, segundo o vice-presidente do Conselho de Gestão de Riscos de Desastres da Jamaica, Desmond McKenzie.

Ele afirmou que a tempestade danificou quatro hospitais e deixou um deles sem energia, forçando as autoridades a evacuarem 75 pacientes.

O governo disse que espera reabrir todos os aeroportos do país já nesta quinta-feira para garantir a rápida distribuição de suprimentos de emergência.

O governo dos EUA anunciou o envio de uma equipe de reação a desastres e pessoal de busca e resgate para a região.

rc (AFP, EFE)