27/09/2022 - 7:05
Furacões mais fortes que são reenergizados por ventos de corrente de jato têm duas vezes mais chances de cruzar o Atlântico e causar estragos na Europa do que os mais fracos, segundo uma nova pesquisa.
- Furacão Ida: um ciclone exemplar em tempos de aquecimento global
- Tufões na Coreia amplificaram incêndios florestais nos EUA
- Mundo precisa se preparar para possível ‘fim de jogo climático’
Os furacões no Atlântico geram atenção internacional por causa da destruição que podem causar na América do Norte e no Caribe. Apenas alguns dias atrás, o ex-furacão Fiona impactou o Canadá como uma das tempestades mais fortes já registradas. Embora menos conhecidos, esses ciclones também podem causar estragos na Europa.
A questão de por que alguns furacões chegam à Europa como ex-furacões, enquanto outros não, ainda não é clara. Os cientistas investigaram essa questão estudando 180 ex-furacões ao longo de um período de 40 anos, descobrindo que furacões mais fortes têm muito mais probabilidade de atingir a Europa e que aqueles que encontram fortes ventos de corrente de jato geralmente se intensificam, o que os ajuda a se mover mais para o leste.
O estudo, liderado pela Universidade de Reading e pelo Centro Nacional de Ciências Atmosféricas (NCAS, na sigla em inglês), ambos do Reino Unido, e publicado na revista Monthly Weather Review, ajuda a explicar por que os ex-furacões impactam a Europa, o que é particularmente importante, pois se espera que as temperaturas mais quentes dos oceanos devido às mudanças climáticas tornem os furacões mais fortes.
Memória da força nos trópicos
Elliott Sainsbury, pesquisador de doutorado da Universidade de Reading, que liderou o estudo, disse: “Ex-furacões são bastante raros na Europa, mas podem ser eventos mortais e destrutivos, tornando muito importante que entendamos melhor por que eles chegam do outro lado do oceano. (…) Nossa pesquisa mostra que furacões mais fortes e furacões que são reenergizados pela corrente de jato sobre o Atlântico têm muito mais probabilidade de atingir a Europa. Eles aparentemente mantêm alguma memória de sua força nos trópicos. Agora estabelecemos essa ligação notavelmente forte com a força dos furacões. Como os furacões mais fortes podem se tornar mais frequentes sob as mudanças climáticas, também podemos ver mais ex-furacões chegando à Europa no futuro. Há outros fatores a serem considerados, e mais pesquisas sobre essa questão são necessárias”.
Os ciclones são comuns na Europa, mas apenas cerca de dois ex-furacões atingem o continente a cada ano, geralmente entre agosto e novembro. No entanto, eles podem trazer ventos extremamente fortes e chuvas pesadas. Algumas das tempestades mais fortes já registradas em toda a Europa tiveram origem em ex-furacões.
O ex-furacão Ophelia estabeleceu um recorde nacional de velocidade do vento e matou três pessoas na Irlanda em 2017, enquanto o ex-furacão Katia causou mais de R$ 580 milhões em danos na Escócia em 2011.