21/08/2020 - 11:23
Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu um gás frio e denso que foi ejetado do centro da Via Láctea “como balas”. Exatamente como o gás foi lançado ainda é um mistério, mas a equipe de pesquisa afirma que suas descobertas podem ter implicações importantes para o futuro da Via Láctea. Seu estudo foi publicado na revista “Nature”.
“As galáxias podem ser realmente boas em atirar no próprio pé”, disse a professora Naomi McClure-Griffiths, da Universidade Nacional Australiana (ANU), que coassina o artigo. “Quando você expulsa muita massa, está perdendo parte do material que poderia ser usado para formar estrelas e, se perder o suficiente, a galáxia não poderá mais formar estrelas. Então, ser capaz de ver indícios de que a Via Láctea está perdendo esse gás formador de estrelas é meio empolgante – faz você se perguntar o que vai acontecer a seguir!”
O estudo também levanta novas questões sobre o que está acontecendo no centro da nossa galáxia agora. “O vento no centro da Via Láctea tem sido tema de muito debate desde a descoberta, há uma década, das chamadas bolhas de Fermi – duas esferas gigantes cheias de gás quente e raios cósmicos”, disse McClure-Griffiths. “Observamos que não existe apenas gás quente vindo do centro de nossa galáxia, mas também gás frio e muito denso. Esse gás frio é muito mais pesado, então se move com menos facilidade.”
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Origem desconhecida
O centro da Via Láctea abriga um buraco negro massivo, denominado Sagitário A*. Não está claro se foi o buraco negro que expeliu o gás ou se este foi ejetado por milhares de estrelas massivas no centro da galáxia.
“Não sabemos como o buraco negro ou a formação de estrelas podem produzir esse fenômeno. Ainda estamos procurando a ‘arma fumegante’, mas fica mais complicado à medida que aprendemos sobre isso”, disse o dr. Enrico Di Teodoro, da Universidade Johns Hopkins (EUA), autor principal do estudo.
“Esta é a primeira vez que algo assim foi observado em nossa galáxia”, prosseguiu ele. “Vemos esse tipo de processo acontecendo em outras galáxias. Mas, com galáxias externas, você obtém buracos negros muito mais massivos, a atividade de formação de estrelas é maior, o que torna mais fácil para a galáxia expelir material. E essas outras galáxias estão obviamente muito longe, não podemos vê-las em muitos detalhes.”
“Nossa própria galáxia é quase como um laboratório em que podemos realmente entrar e tentar entender como as coisas funcionam olhando para elas de perto”, concluiu Di Teodoro.