23/09/2019 - 15:42
Diz a crença popular que os gatos são muito independentes e, por isso, não se apegam a seus donos. Mas um novo estudo, produzido pela Universidade Estadual do Oregon (OSU), revelou que essa crença não é verdadeira e mostrou algo que muitos donos de gato já sabem: que a maioria dos bichanos formam vínculos com seus donos humanos. E esses vínculos são semelhantes aos formados por crianças e cães com seus cuidadores, afirmam os pesquisadores.
Esta é a primeira vez que os pesquisadores demonstram empiricamente que os gatos exibem os mesmos estilos de apego demonstrado por bebês e cães. Segundo Kristyn Vitale, pesquisadora do Laboratório de Interação Humano-Animal da Faculdade de Ciências Agrícolas da universidade e principal autora do estudo, o apego é um comportamento biologicamente relevante.
“Nosso estudo indica que, quando os gatos vivem em um estado de dependência de um ser humano, esse comportamento de apego é flexível e a maioria dos gatos usa o ser humano como fonte de conforto”, disse Kristyn em comunicado da universidade.
No estudo, os pesquisadores fizeram com que os gatos participassem de um “teste de base segura”, semelhante a um teste que foi dado a bebês e cães para estudar seus comportamentos de apego. Durante esse teste, o gato passa dois minutos em uma sala com o cuidador, seguido por uma fase de dois minutos sozinho e depois mais dois minutos de novo junto do cuidador.
Após o retorno do cuidador depois da ausência de dois minutos, 64,3% dos 70 gatos estudados demonstraram “apego com segurança”, e se mostraram menos estressados e equilibraram sua atenção entre a pessoa e o ambiente. Por exemplo, eles continuam a explorar a sala.
Os outros 35,7% dos gatos demonstraram um “apego inseguro”, ou seja, apresentaram sinais de estresse, como torcer o rabo e lamber os lábios, e ficaram ou afastados da pessoa ou pularam no colo delas, sem se mexer.
Os pesquisadores também estavam interessados em descobrir se um treinamento de socialização mudaria essas porcentagens. Após um treinamento de seis semanas, não houve diferenças significativas.
“Depois que um estilo de apego é estabelecido entre o gato e seu cuidador, ele parece permanecer relativamente estável ao longo do tempo, mesmo após uma intervenção de treinamento e socialização”, disse Vitale.
Segundo a pesquisadora, foi surpreendente descobrir quão parecida é a proporção de apegos seguros e inseguros nas populações de gatos quando comparada à população de bebês humanos. Nos seres humanos, 65% das crianças estão firmemente ligadas ao cuidador.
“Gatos inseguros podem correr e se esconder ou parecerem alheios a seus donos”, disse Vitale. “Há muito tempo existe uma maneira tendenciosa de pensar que todos os gatos se comportam dessa maneira. Mas a maioria dos gatos usa o dono como fonte de segurança. Seu gato depende de você para se sentir seguro quando está estressado”, afirma.
O estudo foi publicado na revista “Current Biology“.