07/04/2025 - 20:28
Agências da ONU alertam para situação crítica no território após fim do cessar-fogo; desde março, população não recebe suprimentos e 400 mil tiveram de se deslocar.Em uma declaração conjunta divulgada nesta segunda-feira (07/04), os chefes de seis organizações da ONU, incluindo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), pediram que líderes mundiais tomem medidas para proteger os palestinos na Faixa de Gaza, submetidos a um bloqueio total de suprimentos desde o início de março.
“Com o endurecimento do bloqueio israelense sobre Gaza entrando em seu segundo mês, fazemos um apelo aos líderes mundiais para que ajam — com firmeza, urgência e determinação — a fim de garantir o respeito aos princípios básicos do Direito Internacional Humanitário”, diz o comunicado.
Eles destacaram que, em um mês, nenhum suprimento entrou em Gaza. O Programa Mundial de Alimentos (WFP, na sigla em inglês) foi obrigado a fechar 25 padarias devido à falta de farinha e gás para cozinhar.
O comunicado explica que, durante os 60 dias de cessar-fogo entre Israel e o Hamas — entre 19 de janeiro e 18 de março —, foi possível enviar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. No entanto, com o bloqueio imposto por Israel desde 2 de março — que impede a entrada de alimentos, ajuda humanitária e combustível —, os estoques estão acabando.
As agências destacaram que mais de 1.000 crianças foram mortas ou feridas na primeira semana após o colapso do acordo de cessar-fogo – o maior número semanal desde o início do conflito.
“Mais de 2,1 milhões de pessoas estão presas, bombardeadas e famintas novamente, enquanto, nos pontos de passagem, os suprimentos de alimentos, medicamentos, combustível e abrigos estão se acumulando, e equipamentos vitais estão retidos”, relatam as entidades.
“Estamos testemunhando atos de guerra em Gaza que demonstram um total desprezo pela vida humana”, afirmaram os signatários do comunicado.
Deslocamento forçado
Quase 400 mil pessoas foram deslocadas na Faixa de Gaza desde o reinício das operações militares israelenses em 18 de março, afirmou nesta segunda Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.
“Os sobreviventes em Gaza estão sendo reiteradamente deslocados e forçados a viver num espaço cada vez menor, onde as necessidades básicas não podem ser atendidas”, afirmou Dujarric.
Desde 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas invadiram Israel, matando mais de 1.000 pessoas e levando reféns, mais de 2,4 milhões de habitantes de Gaza já foram deslocados pelo menos uma vez.
Enquanto a população carece de absolutamente todos os itens básicos para a sobrevivência, alimentos, medicamentos, combustível, roupas e equipamentos vitais estão bloqueados nas travessias, lamentaram os signatários.
O sistema de saúde de Gaza, acrescentou a declaração, está à beira do colapso, funcionando apenasapenas parcialmente e com falta de suprimentos médicos e cirúrgicos vitais.
Netanyahu encontra Trump
Em visita à Casa Branca, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira que os Estados Unidos e Israel estão trabalhando num acordo para devolver os reféns israelenses ainda sob domínio do Hamas.
Netanyahu afirmou considerar a “visão” de Trump para Gaza, que inclui deslocar milhões de palestinos para transformar o território num empreendimento imobiliário voltado para o turismo – uma “Riviera do Oriente Médio”, como define o presidente americano, Donald Trump.
Os planos de Trump de anexar a Faixa de Gaza causaram indignação no mundo árabe e entre líderes ocidentais. “Rejeitamos firmemente a expulsão da população e qualquer anexação da Faixa de Gaza e da Cisjordânia”, disse o presidente francês, Emmanuel Macron, após se reunir com o presidente egípcio Abdel-Fattah al-Sissi no Cairo.
Os planos de anexar a Faixa de Gaza ou a Cisjordânia violam o direito internacional, disse Macron.
sf (dpa, Lusa, DW)