23/06/2025 - 12:24
Pacientes com obesidade terão, no futuro, a possibilidade de utilizar uma pontuação genética que indica quantas calorias uma pessoa precisa comer para estar satisfeita após uma refeição e determinar qual medicamento deverá ser utilizado no tratamento para perda de peso, indicou um estudo conduzido por pesquisadores da Mayo Clinic publicado em 6 de junho no periódico “Cell Metabolism”.
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A pontuação genética serve de indicativo para apontar com qual remédio uma pessoa perderá mais peso. No futuro, o número poderá ajudar médicos e pacientes a planejarem tratamentos personalizados. As informações são do “Science News”.
Apesar disso, o teste genético não é perfeito e mostra apenas uma tendência, de acordo com Paul Franks, epidemiologista genético da Queen Mary University, de Londres, no Reino Unido, que não participou do estudo.
Pesquisadores da Mayo Clinic mediram durante a pesquisa a quantidade de calorias necessárias para que 700 adultos com obesidade se sentissem satisfeitos depois de uma refeição. O número variou de 140 a 2.200 calorias, com os homens geralmente precisando de mais que mulheres.
Posteriormente, foi utilizado um computador para compilar a pontuação genética dos 700 adultos com base em variantes de dez genes associados à obesidade. O valor foi projetado para refletir a quantidade de calorias necessárias para que um paciente estivesse satisfeito.
Com base nessa pontuação genética, foi realizado mais um experimento em que os pesquisadores dividiram um grupo de pessoas com obesidade. Uma parte recebeu um placebo, enquanto outra foi medicada com liraglutida, um agonista do GLP-1 vendido como Saxenda, durante 16 semanas.
Ao final do estudo, os pacientes que tinham uma pontuação genética menor perderam mais peso com a liraglutida.
O resultado inverso foi observado em um experimento que durou quase um ano, em que um grupo foi dividido entre os que receberam um placebo e o fármaco fentermina-topiramato, um estimulante combinado com um medicamento antiepiléptico vendido como Qsymia.
Neste caso, os pacientes com uma pontuação genética maior perderam mais peso com a droga.
Um outro estudo, conduzido por pesquisadores da companhia Helix, de San Diego, nos EUA, testou a capacidade da pontuação genética de “prever” a resposta à semaglutida, medicamento que também serve de agonista do GLP-1 e é vendido como Ozempic e Wegovy.
Apesar do valor ter se relacionado a quem tinha a probabilidade de perder peso com a semaglutida, outros fatores não genéticos também desempenharam um papel na resposta aos medicamentos.
Pacientes que eram do sexo masculino e apresentavam diabetes tipo 2, pressão alta, apneia do sono ou doença hepática gordurosa não alcoólica tiveram menos perda de peso com a semaglutida em comparação com mulheres e aos que não tinham problemas de saúde.
Em pessoas com diabetes tipo 2, níveis maiores da hemoglobina A1c foram associados a uma menor perda de peso. A idade e o peso inicial também representaram um fator que pode influenciar na resposta aos medicamentos.
Para Franks, pode ser verdade que a quantidade necessária de calorias para uma pessoa se sentir satisfeita pode apontar qual medicamento terá um desempenho melhor na perda de peso, mas não há certeza se a pontuação genética é tão válida quanto é sugerido pela pesquisa da Mayo Clinic.