04/08/2022 - 8:51
Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que o Brasil bateu mais um recorde na geração instantânea de energia eólica. O feito aconteceu no último dia 8 de julho, quando a fonte foi responsável por entregar 14.167 MW, o suficiente para atender a toda a região Nordeste, durante um minuto, e ainda restar um excedente de mais de 23% do total da energia produzida.
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O resultado evidencia a expansão da geração eólica no Brasil nos últimos anos. Hoje, a capacidade instalada é de aproximadamente 22 mil MW em 828 parques eólicos em operação. O Nordeste é destaque, concentrando mais de 90% desse total (20 mil MW em 725 parques eólicos). A capacidade de geração pode aumentar ainda com a geração eólica offshore.
Caminho acidentado
No entanto, o caminho das eólicas offshore é acidentado. No Valor, Robson Rodrigues informou que, dos 55 processos de licenciamento ambiental para geração eólica offshore em análise hoje pelo Ibama, apenas dois apresentaram estudo de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental (EIA/Rima) – e em ambos os casos os relatórios foram rejeitados por estarem em desacordo com os termos de referência.
Além dessas dificuldades, o setor ainda tenta entender plenamente os efeitos do decreto 10.964, que definiu as regras gerais para geração eólica em alto-mar. “Os agentes identificaram áreas potenciais e entraram com o processo no Ibama para garantir lugar na fila. Porém, não existe claramente uma regra de como vai ser essa cessão de uso [de área marítima]”, disse Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
Em entrevista ao Diálogo Chino, Gannoum destacou o potencial da geração eólica no Brasil e os avanços recentes no setor. Ao mesmo tempo, ela também abordou pontos críticos que emergem no debate público sobre os impactos socioambientais da geração eólica. “Pelo fato de a indústria estar crescendo muito rápido, a gente percebe as externalidades, tanto positivas na geração de emprego e desenvolvimento econômico, quanto também os impactos negativos”, disse. A executiva também reforçou que o setor tem consciência e está discutindo soluções para problemas como distância entre geradores e áreas residenciais, sombreamento e outros impactos sobre a população local.