01/10/2007 - 0:00
Os dados são alarmantes: só no último “ataque”, em setembro, quatro gorilas, três fêmeas e um macho de costas prateadas, foram mortos. Uma família inteira. Eles pertenciam a um grupo que habitava a Montanha dos Gorilas, no Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo (RDC). Desde o início deste ano, nove animais foram abatidos. Entre eles, o macho Karema, que foi morto e devorado por rebeldes que utilizam a área do parque como refúgio.
Restos do animal foram encontrados espalhados pela propriedade, muitos deles entre excrementos humanos. Karema pertencia a uma família de gorilas acostumada com as visitas de turistas. Quando os gorilas se familiarizam com a presença humana, tornamse alvos fáceis para os rebeldes.
Gorilas não costumam ter comportamento violento. Ao se sentirem ameaçados, urram e batem no peito para afugentar o agressor. Só quando a técnica não funciona, partem para um confronto corporal. Nesse meio tempo, os caçadores se aproveitam da situação para atirar e abater os animais.
No total existem apenas cerca de 700 gorilas de montanha no mundo. Pelo menos 370 habitam – ou habitavam – o Parque Nacional de Virunga. Recentemente foram encontrados dois cadáveres de fêmeas que carregavam os seus filhotes. Os pequenos foram entregues aos cuidados de entidades que lutam pela preservação da vida selvagem no parque, mas eles correm o risco de não sobreviver, porque ainda estão na fase de amamentação.
A reprodução dos gorilas se assemelha muito à do homem. Eles não têm relações sexuais com membros de sua própria família, como filhos, mãe, irmãos. Portanto, um gorila precisa arranjar um parceiro ou parceira que pertença a um outro grupo.
O número limitado de gorilas na região pode representar dificuldade para a formação de casais e, conseqüentemente, para a reprodução da espécie. Vegetarianos, tranqüilos, vivendo em pequenas comunidades no alto das montanhas, os gorilas não representam qualquer ameaça às populações que vivem na região.
Existem apenas 700 GORILAS de montanha no MUNDO e mais da metade deles habita o Parque Nacional de Virunga
OS GORILAS são a maior atração turística do Parque Nacional de Virunga. Eles representam o ingresso de aproximadamente US$ 5 milhões ao ano para os três países que dividem o território do parque e os seus arredores – a República Democrática do Congo, Uganda e Ruanda.
…Proteção
No sentido horário, uma família de gorilas de Virunga; um macho de costas prateadas e três fêmeas abatidos em setembro; e os guardas florestais do Posto Bukima, que ajudam a conter os rebeldes e a proteger a reserva ecológica. Abaixo, uma fêmea descansando ao sol com seu filhote.
Vários fatores ameaçam seriamente a existência dos gorilas de Virunga: além da caça ilegal e dos conflitos militares, ocorre uma destruição do seu habitat pelo desmatamento. Ocasionalmente, alguns gorilas são consumidos como fonte de proteína na dieta da população e partes de seus corpos são vendidas como troféus no mercado negro. Atualmente, eles têm sido vítimas de conflitos humanos.
“Interpretamos os dois últimos incidentes – de junho e julho -, como um ato de sabotagem ao parque pelos grupos poderosos que controlam o comércio de carvão”, comenta Samantha Newport, diretora de comunicação da Wildlife Direct, ONG que auxilia na preservação ambiental da área. No caso dos conflitos militares, os gorilas são abatidos por estarem entre dois fogos, o dos grupos de rebeldes e o das tropas armadas do Congo.
“A Montanha dos Gorilas enfrenta um enorme perigo, bem como os guardas florestais que tentam protegê-la. Eles precisam de ajuda e suporte. Nós não acreditamos que os rebeldes estejam mirando os gorilas. Eles apenas habitam umas das áreas consideradas importantes para os grupos armados”, afirma Emmanuel de Merode, diretor do Wildlife Direct.
O INSTITUTO Congolês para a Conservação da Natureza (ICCN) administra o parque. Contudo, devido aos conflitos, o ICCN não consegue arrecadar fundos o suficiente e recebe suporte de ONGs, como a Wildlife Direct. Por sua vez, ela repassa fundos para a proteção e conservação da fauna e da flora de Virunga.
Entre 11 e 22 de agosto, especialistas da Unesco e da União Mundial para a Conservação, acompanhados por membros do United Nations Environment Programme se reuniram para estudar soluções com o objetivo de salvar os primatas que vivem no parque. O ICCN também pediu ajuda para o monitoramento de Virunga.
O Parque Nacional de Virunga, onde se situa a Montanha dos Gorilas, se localiza a sudeste da República Democrática do Congo e faz fronteira com Uganda e Ruanda. A parte da montanha pertencente ao Congo é a mais vulnerável. “Em Ruanda e Uganda não existem os mesmos conflitos humanos. Mesmo sendo Ruanda um país densamente povoado – fato que pressiona o habitat dos gorilas -, os animais ali são mais protegidos por conta da situação política”, reflete Samantha Newport.
Conflitos étnicos e pobreza são cenas comuns na África. Mas as milícias que combatem nas montanhas constituem a maior causa dos massacres de gorilas. “Se esses ataques continuarem, os animais que vivem na área congolesa da Montanha dos Gorilas serão extintos rapidamente”, completa Merode.
Serviço
Mortes e desaparecimentos desde o início de 2007
Janeiro: dois machos de costas prateadas foram mortos e uma
fêmea desapareceu.
Junho: um ataque à família Kabirizi resultou na morte de uma
fêmea com filhote, e uma outra fêmea que desapareceu.
Julho: um ataque à família Rugendo causou a morte de quatro
fêmeas, deixando um órfão e um outro filhote que desapareceu
(dado como morto). De 12 animais só restaram cinco
(considerando-se o bebê desaparecido como morto). A única
fêmea sobrevivente ainda não está em idade de reprodução.
Agosto: um macho de costas prateadas desapareceu.
Total de mortos no período: 9
Total de desaparecidos: 2
Paraíso de biodiversidade
Situado a nordeste da República Democrática do Congo, na fronteira com Uganda e Ruanda, Virunga é o mais antigo parque nacional da África. Foi fundado em 1925.
Toda a área, de 7.900 quilômetros quadrados, entrou para a lista de Patrimônios Naturais da Humanidade, da Unesco, devido sobretudo à sua biodiversidade.
Vincent Defourny, em Brasília, entre sua esposa Mercedes Blanco-Rincón (esquerda) e a primeira dama Marisa Letícia.
VINCENT DEFOURNY é confirmado representante da UNESCO no Brasil
À frente do comando do escritório brasileiro, interinamente, desde maio de 2006, o belga Vincent Defourny, de 47 anos, foi confirmado no cargo pelo diretor-geral da Unesco, Koichiro Matsuura, no dia 22 de agosto. Em um ano de interinidade, Defourny consolidou o processo de reorientação do escritório, tendo lançado o Marco Estratégico da Unesco para o Brasil, que estabelece novas diretrizes para a cooperação internacional no Paîs.
“O objetivo da nova gestão é trabalhar no Brasil por meio de uma cooperação mais estratégica, qualificada e focada nas áreas de mandato da Unesco e nos desafios atualmente enfrentados pelo País”, afirma o representante.
Arte e educação na 6a BIENAL do Mercosul
Por entender a arte como um processo educativo e, por conseqüência, a educação como uma atividade artística e transformadora, a 6ª Bienal do Mercosul, que foi aberta no dia 1º de setembro, está desenvolvendo, em parceria com a Unesco, um projeto pedagógico de formação de professores das redes pública e privada. O projeto está sendo disseminado em escolas municipais e estaduais que integram o Programa Escola Aberta MEC-Unesco e o Projeto Escola Aberta para a Cidadania (uma parceria da Unesco com a Secretaria de Estado da Educação). O representante da organização no Brasil, Vincent Defourny, e a coordenadora do Escritório Antena da Unesco no Rio Grande do Sul, Alessandra Schneider, estiveram presentes à abertura oficial da 6a Bienal do Mercosul.
Exposição sobre o tráfico NEGREIRO
Para comemorar o bicentenário da abolição da escravatura britânica e a rebelião dos escravos no Haiti, a cidade inglesa de Liverpool inaugura o Museu Internacional da Escravidão. Ele integra o grupo dos museus nacionais de Liverpool e apresenta a primeira exposição permanente dedicada ao comércio de escravos no Atlântico.
Sua proposta é contar a história da escravidão e conscientizar os visitantes a respeito das conseqüências danosas que a escravidão acarretou ao mundo contemporâneo. São temas da exposição: direitos humanos, liberdade, identidade cultural da África e do Caribe, pluralismo e discriminação racial. A iniciativa segue as mesmas premissas do Museu Marítimo Merseyside, instituição britânica pioneira na organização de exposições sobre a escravidão e o período escravagista.
ESCOLA e cultura de paz
A Unesco e a Construtora Norberto Odebrecht, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Macaé (RJ), lançaram a 18 de agosto, nesse município, o projeto Escola em Ação por uma Cultura de Paz.
O projeto piloto foi criado para enfrentar novos desafios surgidos na última década. A indústria do petróleo provocou na região um processo de crescimento econômico acelerado, porém em muitos sentidos caótico. O fenômeno provocou diversas alterações no cenário sóciocultural e econômico regional, agravando a desigualdade e a exclusão social.
O projeto proposto tem como objetivo oferecer novas perspectivas e oportunidades a jovens em situação de vulnerabilidade a serem implementadas nas escolas da rede pública municipal. Para promover a mobilização, integração e preparação dos jovens e das comunidades, serão utilizadas as bases estratégicas do Programa Abrindo Espaços, da Unesco, de abertura das escolas durante os finais de semana, oferecendo atividades de cultura, esporte e lazer e formativa, para crianças, jovens e comunidades.
“Esta é uma rica oportunidade para a Unesco, em cooperação com a iniciativa privada e o setor público, e, por meio de uma metodologia diferenciada, consolidar as bases de um processo participativo de integração da comunidade com a escola”, avalia Pedro Lessa, diretor do Escritório Antena da Unesco no Rio de Janeiro.
EDUCAÇÃO
Unesco e universidades gaúchas
A Unesco e nove instituições de ensino superior do Rio Grande do Sul promoverão em conjunto cursos e capacitações de educação para o desenvolvimento sustentável. O compromisso foi protocolado durante o quarto simpósio “A universidade frente aos desafios da sustentabilidade”, realizado na PUC-RS.
Firmado pelos reitores dessas universidades e pela Unesco são temas prioritários dessa iniciativa a redução da pobreza, a igualdade de gênero, a promoção da saúde, a Aids, o meio ambiente, a água, a transformação do meio rural, o consumo moderado, o turismo sustentável, os direitos humanos, a compreensão intercultural, a diversidade cultural, os conhecimentos tradicionais, a imprensa e as técnicas de comunicação e informação.
Pelo protocolo, as instituições e a Unesco também devem divulgar e promover os compromissos da Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005/2014); apoiar o desenvolvimento de uma sociedade global humana, justa, equilibrada e condizente com a aspiração de dignidade para todos; estimular e apoiar as iniciativas voltadas para a formação universitária que estimule o equilíbrio entre desenvolvimento econômico responsável, socialmente justo e ecologicamente sustentável, promovendo uma nova ética ambiental.
Links úteis
www.unesco.org/photobank/exec/index.htm
(Banco de Imagens)
whc.unesco.org (Lista dos sítios do Patrimônio
da Humanidade)
www.unesco.org/mab/index.htm (Lista de
Reservas da Biosfera)
A Unesco recebe imagens do Patrimônio da
Humanidade e reservas de biosfera de todos os
países do mundo
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