08/04/2019 - 8:52
O aquecimento global está destruindo a capacidade de recuperação da Grande Barreira de Corais, na Austrália, e vem reduzindo sua biodiversidade, segundo estudo publicado na revista Nature esta semana.
Cerca de metade da Grande Barreira de Corais da Austrália morreu em 2016 e 2017 devido ao aumento da temperatura dos oceanos. O calor estressa os corais a ponto de expulsar as algas coloridas que vivem neles, fenômeno chamado “branqueamento de corais”.
O declínio na recuperação de corais foi mais acentuado no norte e no centro da Grande Barreira de Corais, que sofreu as piores mortes. O sul, que em grande parte escapou do branqueamento, recuperou em níveis mais altos que os históricos.
O estudo descobriu que a quantidade de larvas de corais nesse enorme recife em 2018 diminuiu em 89% em comparação com níveis históricos. Como os corais adultos estão morrendo a produção de “bebês” e, portanto, sua continuidade está ameaçada.
O declínio também está mudando a mistura de espécies de coral que reabastecem o recife e as espécies de animais que vivem lá devido à redução de alguns tipos de corais tridimensionais, por exemplo, que proporcionam habitats adequados para diferentes vidas marinhas.
No geral, a equipe diz que é incerto se a Grande Barreira de Corais fará uma recuperação completa, em grande parte devido à crescente frequência de episódios de branqueamento em massa. A diferença entre esses eventos diminuiu de uma vez a cada 25 anos na década de 1980 para quase uma vez a cada seis anos desde 2010.
Se as emissões globais de gases de efeito de estufa continuarem a subir à taxa atual, os eventos de branqueamento devem passar a acontecer todos os anos a partir de 2044. Historicamente, os eventos de branqueamento foram associados ao fenômeno climático El Niño, mas o branqueamento de 2017 ocorreu sem esse fenômeno.
Uma das principais mensagens do relatório de ciência climática da ONU no ano passado foi que quase todos os corais do mundo desapareceriam se chegássemos a 2°C de aquecimento, mas 10% a 30% poderiam sobreviver se o aumento das temperaturas fosse mantido a 1,5°C.