26/04/2023 - 9:53
Comunidades de criaturas costeiras, incluindo minúsculos caranguejos e anêmonas, estão vivendo a milhares e milhares de quilômetros do seu habitat natural. A nova “moradia” desses seres é o “Great Pacific Garbage Patch”, ou “Grande Mancha de Lixo do Pacífico”, um grande redemoinho de lixo no oceano entre a Califórnia e o Havaí com nada menos que 1,6 milhão de km2 – o tamanho do Amazonas.
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De acordo com um estudo publicado na revista Nature Ecology & Evolution, dezenas de espécies de organismos invertebrados costeiros conseguiram sobreviver e se reproduzir no lixo plástico que flutua no oceano há anos. Segundo os pesquisadores, as descobertas sugerem que a poluição plástica no oceano pode estar permitindo a criação de novos ecossistemas flutuantes de espécies que normalmente não são capazes de sobreviver no oceano aberto.
“Foi surpreendente ver a frequência das espécies costeiras. Eles estavam em 70% dos detritos que encontramos”, disse à CNN Linsey Haram, cientista do Instituto Nacional de Alimentos e Agricultura e principal autora da pesquisa.
Os pesquisadores identificaram espécies que vivem em pouco mais de 100 pedaços de plástico que foram “pescados” na “Grande Mancha” – localizada numa região no norte do Oceano Pacífico onde as correntes convergem para depositar cerca de 79 mil toneladas métricas de plástico. Foram identificados 484 invertebrados de uma variedade surpreendente de espécies.
Surpresa para os cientistas
Muitos desses animais eram espécies mais comumente encontradas perto das costas do Pacífico ocidental. Essas espécies costeiras incluíam “animais de musgo” ou briozoários, águas-vivas, esponjas, vermes e outros organismos, detalha a Scientific American.
Ao contrário do material orgânico, que se decompõe e afunda em meses ou, no máximo, alguns anos, os detritos plásticos podem flutuar nos oceanos por muito mais tempo. Isso pode estar dando às criaturas a oportunidade de sobreviver e se reproduzir em mar aberto por anos.
Embora soubessem que espécies costeiras podem ocasionalmente viajar em navios ou detritos flutuantes, os cientistas pensavam que elas não poderiam viver no mar por muito tempo ou estabelecer novas comunidades. Mas o tsunami de 2011 em Fukushima, no Japão, forçou uma mudança nessas suposições. O lixo identificável do Japão começou a aparecer em lugares como o Havaí anos depois, carregando espécies costeiras que de alguma forma conseguiram sobreviver, lembra o NPR.
O “ecossistema” da Grande Mancha de Lixo do Pacífico foi destaque também no Wall Street Journal, New Scientist, Marine Insight, Gizmodo, Estado de Minas, Business Insider, CBS, USA Today e New York Post.