18/10/2025 - 19:03
No total, grupo militante palestino devolveu os corpos de 12 dos 28 reféns mortos e mantidos em Gaza. Israel anunciou que manteria a passagem de Rafah fechada para pressionar por restituição.O Exército de Israel informou que o grupo militante palestino Hamas entregou “dois caixões com reféns falecidos” ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Gaza na noite deste sábado (18/10).
Com isso, sobe para 12 o total de reféns mortos já devolvidos pelo Hamas desde o início do cessar-fogo. Outros 16, contudo, seguem em Gaza, e Israel anunciou que manteria fechada a passagem de Rafah, que conecta o território palestino ao Egito, como forma de pressionar pela restituição de todos os mortos às suas famílias.
A passagem de Rafah é considerada estratégica por ser o único ponto de acesso de Gaza com o mundo exterior que não faz fronteira com Israel, e sim com o Egito. Antes, a previsão era de que ela fosse reaberta no domingo.
A devolução de todos os reféns, vivos ou mortos, é um ponto fundamental do acordo de cessar-fogo, que está em vigor há uma semana e visa encerrar de vez a guerra iniciada em 7 de outubro de 2023.
O presidente dos EUA, Donald Trump, já alertou que autorizaria Israel a retomar a guerra caso o Hamas não devolva os restos mortais de todos os reféns mortos.
Em troca, Israel também se comprometeu a devolver corpos de palestinos de Gaza mortos desde o início do conflito. Neste sábado, mais 15 corpos foram restituídos, somando um total de 135 até então – 15 corpos de palestinos mortos para cada refém israelense morto.
Os últimos 20 reféns israelenses que seguiam com vida no território foram libertados na última segunda-feira (13/10). Em contrapartida, Israel devolveu quase 2 mil presos palestinos que mantinha em suas prisões.
O Hamas, que é considerado uma entidade terrorista por Estados Unidos, União Europeia e outros países, afirma que a destruição e o controle militar israelense de certas áreas de Gaza têm dificultado a localização dos restos mortais dos reféns no lado israelense.
Hamas protesta contra bloqueio da passagem de Rafah
O anúncio do gabinete do primeiro-ministro isralense Benjamin Netanyahu sobre o bloqueio da passagem de Rafah foi divulgado pouco depois de a embaixada palestina no Egito informar que ela seria reaberta na segunda-feira para o retorno de pessoas a Gaza. O Hamas protestou, classificando a decisão de Netanyahu como uma violação do acordo de cessar-fogo.
A passagem de Rafah está fechada desde maio de 2024, quando Israel assumiu o controle do lado de Gaza. A reabertura total facilitaria a busca por tratamento médico, viagens ou visita a familiares no Egito.
Desde o início do cessar-fogo, Gaza recebeu em média cerca de 560 toneladas de comida por dia, mas a quantidade seguia bem abaixo da escala necessária, segundo o Programa de Alimentos das Nações Unidas.
Ansiedade de ambos os lados com os restos mortais
Israel tem devolvido corpos de palestinos sem nomes, apenas com números. O Ministério da Saúde de Gaza publica fotos online, na esperança de que famílias possam identificá-los.
“Assim como eles levaram seus cativos, nós queremos os nossos. Tragam meu filho, tragam todas as nossas crianças de volta”, disse, em lágrimas, Iman Sakani, cujo filho desapareceu durante a guerra e que aguardava por notícias no hospital Nasser.
Enquanto isso, os escombros de Gaza continuam a ser vasculhados em busca de mortos. Corpos recém-recuperados elevaram o número de mortos palestinos para mais de 68 mil, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Milhares de pessoas continuam desaparecidas, de acordo com a Cruz Vermelha.
O ministério, parte do governo controlado pelo Hamas, não distingue entre civis e combatentes em sua contagem. No entanto, mantém registros detalhados de vítimas, considerados geralmente confiáveis por agências da ONU e especialistas independentes.
A guerra em Gaza foi deflagrada em 7 de outubro de 2023, quando militantes liderados pelo Hamas invadiram Israel e mataram cerca de 1,2 mil pessoas — em sua maioria civis — e sequestraram outras 251.
ra (AP, dpa, Reuters)