09/06/2015 - 12:40
Quando o escritor Herman Melville publicou Moby Dick, em 1851, baleias ainda eram seres ameaçadores para os homens que as caçavam. Cerca de 20 anos depois do lançamento do livro, duas inovações tecnológicas começaram a reverter o jogo. Os arpões simples foram substituídos por armas explosivas (mais letais). As fábricas de processamento se modernizaram e se disseminaram pelos centros baleeiros. Em 1903, o surgimento dos barcos-fábrica dinamizou ainda mais o processo.
O desenvolvimento tecnológico permitiu lucros exorbitantes para a indústria, mas trouxe danos indeléveis para o meio ambiente. Entre os séculos 18 e 19 demorava-se 187 anos para matar 300 mil cachalotes; já no século 20, o mesmo número de baleias dessa espécie foi abatido entre 1962 e 1972. O saldo final – levantado por pesquisadores do New Bedford Whaling Museum e do National Marine Mammal Laboratory (EUA) e divulgado em março – é de 2,8 milhões de animais mortos para fins comerciais. Espécies como a baleia-azul, que teve 90% de sua população dizimada, estão ameaçadas e correm o risco de nunca mais se recuperar.
Século sangrento
A pesca à baleia atingiu o auge na metade do século 20. Grupos conservacionistas passaram então a pressionar a indústria, que foi obrigada a frear a caça. Hoje é proibido pescar baleias com fins comerciais. Veja a evolução da atividade:
1903 – Telegraf, o primeiro barco-fábrica, é colocado em operação.
1904 – Criada a primeira fábrica de processamento de baleias do hemisfério sul, na ilha Geórgia do Sul.
1937 – É firmado o primeiro acordo internacional para regulamentação da caça às baleias, em Londres. Entre 1934 e 1939, mais de 34.000 baleias são mortas por ano.
1939 a 1945 – A atividade baleeira diminui durante a Segunda Guerra Mundial, mas retorna com tudo após o término do conflito.
1960 – 62.129 baleias são mortas no hemisfério sul num único ano, recorde regional do século.
1957 a 1961 – Os anos mais predatórios no hemisfério sul: 280.133 baleias foram abatidas.
1963 – O cachalote se torna o espécime mais caçado.
1965 – A International Whaling Commission (IWC) embarga temporariamente a matança de jubartes.
1966 – 33.473 baleias são mortas no hemisfério norte no mesmo ano, recorde regional do século.
1966 a 1970 – Os anos mais predatórios no hemisfério norte: 153.722 baleias abatidas.
1975 – O Greenpeace lança a campanha “Salve as Baleias”. Movimentos de proteção aos animais exigem medidas mais contundentes contra a atividade baleeira ao longo dos anos 1970.
1982 – A IWC aprova o embargo que proíbe a caça à baleia para fins comerciais. Mesmo assim, alguns países ainda pescam o cetáceo até hoje, como o Japão, a Noruega e a Islândia.