02/09/2019 - 12:36
Cientistas da Universidade Heriot-Watt em Edimburgo (Reino Unido) identificaram um gene responsável pela resistência da cevada à seca. A descoberta poderá ajudar a preparar o futuro da indústria de cereais para condições cada vez mais secas, à medida que a mudança climática avança. Os resultados foram divulgados no periódico “Journal of Plant Physiology and Biochemistry”.
Liderada por Peter Morris, do Instituto de Ciências da Terra e da Vida da Universidade Heriot-Watt, a equipe demonstrou que o gene HvMYB1 controla a tolerância ao estresse em cereais como a cevada. É a primeira vez que o HvMYB1 é associado à resistência à seca.
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Como a cevada tem mais de 39 mil genes (quase o dobro do número em seres humanos), caracterizar um gene específico que promove a resistência à seca tem sido um desafio considerável. Morris e sua equipe aumentaram a expressão desse gene específico nas plantas de teste e simularam as condições de seca. Com isso, provaram que as plantas nas quais o HvMYB1 é mais proeminentemente expresso conseguem sobreviver a períodos prolongados de seca.
“Esta é uma descoberta significativa que permitirá que mais culturas de resistência à seca sejam produzidas no futuro”, afirmou Morris. “A seca já está afetando os rendimentos, com a colheita europeia de cereais, atingida particularmente em 2018. Um verão prolongado, seco e quente afetou significativamente os rendimentos e a qualidade.”
Estações mais extremas
Ele acrescentou: “À medida que a mudança climática ganha ritmo e vivenciamos estações mais extremas, é essencial que possamos manter a continuidade do fornecimento. Isso é significativo para indústrias-chave como o uísque escocês, um dos principais itens de exportação do Reino Unido. Nosso projeto foi focado especificamente em cevada, um dos três ingredientes usados na produção de uísque escocês”.
Ainda segundo Morris, a variação genética é essencial no melhoramento de plantas para a resiliência. Sua equipe espera que a descoberta seja usada nas pesquisas agrícolas como um marcador de resistência à seca.
“Isso ajudará a concentrar a atenção em diferentes variedades de cevada nas quais esse gene é naturalmente expresso de maneira mais proeminente”, observa. “Pode levar a uma maior variação no conjunto genético de plantas cultivadas e a culturas mais resistentes à seca nos próximos anos. (…) Isso também tem implicações importantes para a indústria de cereais em geral, incluindo a produção de trigo, milho e arroz.”