Um estudo publicado na revista Antiquity revelou novas imagens de um satélite espião dos Estados Unidos datado dos anos 1970. Por meio das fotografias, os arqueólogos descobriram um local que foi usado como campo de uma batalha que acabou em banho de sangue há 1.400 anos no sul de Kufa, Iraque.

A imagem foi capturada em 1973 pelo satélite HEXAGON Search & Spotter, implantado no Oriente Médio durante a guerra árabe-israelense. Os EUA já tinham grande interesse e dependência no petróleo da área e em 1972, quando os iraquianos assinaram um tratado com os soviéticos, autoridades americanas concordaram que a área merecia atenção com o uso dos satélites espiões.

Uma estrutura de quase dois metros chamou atenção nas fotografias em preto e branco, com o auxílio de relatos antigos os pesquisadores revelaram uma vala profunda, duas fortalezas e um rio antigo que já foi atravessado por uma tropa persa – também foram encontrados fragmentos de cerâmica da época. O local, antigamente conhecido como Mesopotâmia, foi onde o exército persa e árabe sassânida lutou na Batalha de al-Qadisiyah, que deu fim a supremacia muçulmana – o confronto ocorreu por volta de 637 d.C. e representou uma vitória crucial na expansão do islamismo para além da Arábia.

Imagens do satélite analisada pelos pesquisadores (Crédito: US Geological Survey/W.M Deadman)

“Esta descoberta fornece uma localização geográfica e um contexto para uma batalha que é uma das histórias fundamentais da expansão do islamismo para o atual Iraque, Irã e além”, explicou William Deadman, arqueólogo da Universidade de Durham, Reino Unido.

A equipe encontrou o lugar enquanto realizava uma pesquisa de sensoriamento remoto para mapear o Darb Zubaydah (DZ), uma rota de peregrinação de Kufa até Meca, na Arábia Saudita. Os detalhes da fotografia e os escritos antigos revelaram a história cultural e militar da localidade. “Esses locais históricos são mais conhecidos por textos que descrevem uma das batalhas mais famosas das primeiras conquistas islâmicas”, compartilhou a equipe no estudo. Os especialistas terminam revelando que uma região a cerca de 32 quilômetros ao sul de Kufa, tinha características que correspondiam exatamente à descrição do local da batalha de al-Qadisiyah descrita em textos antigos.

O artigo explica que a dinastia sassânida governou a região depois de sua fundação em 224 a.C. – seu sistema se baseava em castas com quatro classes: sacerdotes, guerreiros, secretários e plebeus. Seu exército fazia parte do Califado Rashidun – liderado pelos quatro primeiros sucessores do profeta Maomé, além de ser formado por fortes combatentes e tropas de choque que contavam com manobras de flanqueamento com arco e flecha, estratégias de reconhecimento, incursões e criação de cavalos.

Porém, o governo começou a decair com os conflitos entre as nações, por causa da ascensão do islamismo e das conquistas árabes, que visavam a expansão do governo islâmico.