06/05/2025 - 20:37
Paquistão relata mortes na ação e promete retaliação. Governo indiano afirma que ação teve como alvo “infraestrutura terrorista” que teria sido usada para lançar atentado que matou 26 na Índia em abril.As Forças Armadas da Índia bombardearam na madrugada quarta-feira (06/05, horário local, noite de terça-feira em Brasília) uma série de alvos no Paquistão. Segundo o governo indiano, os ataques tiveram como alvo bases terroristas de onde supostamente foram planejados ataques terroristas contra seu território.
“As Forças Armadas indianas lançaram recentemente a Operação Sindoor, que tem como alvo a infraestrutura terrorista no Paquistão e na região de Jammu e Caxemira ocupada pelo Paquistão, de onde foram planejados e dirigidos ataques terroristas contra a Índia”, informou o Ministério da Defesa indiano em comunicado.
De acordo com a nota, nove locais foram alvos da operação, que consistiu em um ataque de precisão “focado, medido e de natureza não escalatória”. “Nenhuma instalação militar paquistanesa foi atingida. A Índia mostrou considerável moderação na seleção dos alvos e no método de execução”, acrescentou o comunicado da pasta indiana.
Em uma postagem na rede social X, as Forças Armadas indianas mostraram uma imagem com o nome da operação, acompanhada da frase “a justiça foi feita”.
A nota do Ministério da Defesa destaca que essa ação ocorreu após o “ataque terrorista bárbaro” em 22 de abril na região da Caxemira controlada pela Índia, no qual 26 pessoas foram mortas, 25 delas de nacionalidade indiana.
A Índia acusa o Paquistão de estar por trás do ataque e advertiu que tomaria medidas apropriadas em retaliação. Isso levou a uma escalada da tensão nas últimas semanas e a uma troca de acusações, já que Islamabad nega o envolvimento no ataque.
A Caxemira é uma região na cordilheira do Himalaia disputada tanto pela Índia quanto pelo Paquistão desde a independência de ambos os países, em 1947. Atualmente, o controle do território é dividido entre os dois países, além da China, que detém duas fatias menores.
Paquistão relata mortes em ação militar indiana
O Paquistão relatou a morte de pelo menos sete pessoas no ataque indiano, que, segundo Islamabad, atingiu várias áreas civis.
Já o primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, considerou a ação indiana um “ato de guerra” e destacou que o seu país tem todo o direito de dar uma resposta. “A nação paquistanesa e as Forças Armadas do Paquistão sabem muito bem como lidar com o inimigo. Nunca deixaremos que o inimigo tenha sucesso nos seus objetivos nefastos”, disse.
Uma fonte militar paquistanesa disse que os mísseis atingiram a cidade de Bahawalpur, localizada na província de Punjab, na fronteira com a Índia.
Em comunicado, as Forças Armadas do Paquistão também disseram que estão respondendo à ação indiana e que todas as aeronaves da Força Aérea do país estão em boas condições. De acordo com a polícia indiana, após os ataques, militares paquistaneses efetuaram disparos contra o território controlado pela Índia, deixando duas mulheres feridas.
“O Paquistão violou mais uma vez o acordo de cessar-fogo ao realizar bombardeamentos de artilharia nos setores de Bhimber Gali e Poonch-Rajauri” na Caxemira indiana, apontou Exército indiano na sua conta na rede social X, acrescentando que tinha “respondido de forma apropriada e calibrada”.
ONU demonstra preocupação
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou estar “muito preocupado” com as operações militares da Índia e apelou à máxima contenção de ambos os países.
“O secretário-geral está muito preocupado com as operações militares indianas na Linha de Controle e na fronteira internacional”, indicou aos jornalistas o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric.
“O mundo não consegue suportar um confronto militar entre a Índia e o Paquistão”, concluiu, em comunicado.
Já o presidente dos EUA, Donald Trump, disse hoje esperar um fim “muito rápido” dos ataques entre Índia e Paquistão.
No final de uma coletiva de imprensa na Casa Branca, Trump disse que tinha acabado de ser informado dos ataques, que lamentou. “Eles lutam há muitas décadas… séculos, na verdade, se pensarmos bem. Só espero que isto pare muito rapidamente”, disse o chefe de Estado americano.
A índia e o Paquistão, duas potências nucleares, se envolveram em um confronto semelhante em 2019, após outro ataque na parte indiana da Caxemira que matou 40 paramilitares indianos. Em seguida, a Índia bombardeou supostas bases de insurgentes no Paquistão, e o país vizinho respondeu bombardeando áreas isoladas na Índia.
jps (EFE, Lusa, ots)