Forças israelenses afirmam que missão em Khan Yunis foi concluída, após meses de ataques intensos que devastaram a região. Porta-voz militar garante que “guerra não acabou”.A imprensa e as Forças de Defesa de Israel (IDF) informaram neste domingo (07/04) que o país retirou quase todas as suas tropas do sul da Faixa de Gaza, inclusive da cidade de Khan Yunis, seis meses após o início da ofensiva que matou milhares de pessoas e deixou a área devastada.

Apesar da redução no sul de Gaza, os militares afirmaram que uma “força significativa” continuará operando no resto do enclave sitiado.

“A 98ª divisão de comandos concluiu a sua missão em Khan Yunis”, disse o exército em um comunicado à agência de notícias AFP. “A divisão deixou a Faixa de Gaza para se recuperar e preparar-se para futuras operações.”

Israel tem reduzido seus números em Gaza desde o início do ano para aliviar seus reservistas, e também em meio à crescente pressão dos Estados Unidos, seus aliados, para melhorar a situação humanitária no enclave, especialmente depois da morte de sete voluntários de uma ONG na semana passada.

O jornal israelense Haaretz citou um oficial do exército afirmando que “não há necessidade de permanecer” em Khan Yunis, pois seus combatentes desmantelaram as brigadas do grupo fundamentalista islâmico Hamas na cidade e mataram milhares de seus membros. “Fizemos tudo o que podíamos lá”, disse.

O oficial teria afirmado ainda que os palestinos deslocados de Khan Yunis agora podem retornar às suas casas. Antes densamente povoada, Khan Yunis foi palco de combates ferozes por meses, com bombardeios intensos que reduziram áreas da cidade a escombros.

O que está por trás da retirada

Analistas afirmam que a retirada das tropas é puramente tática e não significa que a guerra contra o Hamas, que controla Gaza, esteja próxima do fim.

À emissora britânica BBC, um porta-voz das IDF disse que os militares estão se reagrupando e realizando os preparativos para o próximo estágio da guerra. Segundo o tenente-coronel Peter Lerner, a ofensiva israelense está “em constante evolução”.

“A guerra ainda não acabou. A guerra só pode terminar quando eles [os reféns] voltarem para casa e quando o Hamas desaparecer”, afirmou, segundo a BBC.

Com a pressão dos EUA, o recuo das tropas no sul poderia ajudar Israel nas negociações de cessar-fogo e de libertação de reféns com o Hamas, afirmou o especialista em segurança israelense Omer Dostri, à agência AFP.

O Egito se prepara para mediar uma nova rodada de negociações nesse sentido, à qual tanto Israel quanto o Hamas disseram que compareceriam.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enfatizou, porém, que seu país não se curvará à pressão internacional e não cederá às “exigências extremas” do Hamas.

Não ficou claro se a retirada do sul de Gaza atrasará uma incursão há muito ameaçada na cidade de Rafah, no extremo sul do enclave, que Netanyahu diz ser necessária para eliminar o Hamas.

A campanha militar israelense, lançada após o ataque terrorista do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, concentrou-se nos últimos meses no sul da Faixa de Gaza.

Durante o atentado do Hamas, mais de 250 reféns foram capturados e cerca de 1.200 pessoas foram mortas, de acordo com registros israelenses. Estima-se que 130 reféns ainda estejam sob custódia do Hamas. Do outro lado, a ofensiva de retaliação de Israel já matou mais de 33.100 palestinos, segundo as autoridades locais.

ek (Reuters, AFP, ots)