Presidente Biden diz que ataque deve ocorrer “mais cedo do que mais tarde” e adverte Teerã de que os EUA mantêm compromisso com a defesa de seu aliado. Países ocidentais alertam cidadãos para que evitem a região.Israel se manteve em alerta nesta sexta-feira (12/04) para um possível ataque iraniano em retaliação a investidas israelenses a alvos no Irã. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que uma provável agressão iraniana deverá ocorrer “mais cedo do que mais tarde”.

Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, Israel intensificou seus ataques contra aliados de Teerã no Líbano e na Síria. No início de abril, ao menos 13 pessoas foram mortas em um ataque aéreo à embaixada iraniana em Damasco, capital da Síria, que matou o general de brigada iraniano Mohamad Reza Zahed, um dos principais líderes da Guarda Revolucionária do Irã, e seis outras autoridades militares iranianas.

O Irã, a Síria e a Rússia culparam Israel pelo ataque. Tel Aviv, porém, jamais assumiu a responsabilidade, o que não impediu que o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmasse que Israel “deve e será punido” pela operação que, segundo disse, foi equivalente ao um ataque em solo iraniano.

A guerra entre Israel e o grupo fundamentalista islâmico Hamas, que já dura quase sete meses, elevou as tensões na região e envolveu também o grupo islamista Hisbolá, no Líbano, apoiado pelo Irã.

Países alertam seus cidadãos na região

Países como França, Índia, Polônia e Rússia advertiram seus cidadãos para que não realizem viagens à região. Ao mesmo tempo, os governos da Alemanha e da Áustria pediram que alemães e austríacos deixem o território iraniano.

O Ministério alemão do Exterior afirmou em nota que há risco de um agravamento repentino nas tensões que podem colocar cidadãos alemães no Irã sob perigo de serem “arbitrariamente presos e interrogados e receberem longas penas de prisão”. “Rotas de transporte aéreo, terrestre ou marítimo também poderão ser afetadas”, disse a pasta.

As Forças Armadas israelenses disseram que não foram dadas novas instruções à população, mas pediram que as pessoas se mantenham alertas. “O Exército conduziu uma avaliação situacional e aprovou planos para uma série de cenários após relatos e comunicados sobre um ataque iraniano”, afirmou o porta-voz militar Daniel Hagari, em pronunciamento às emissoras de televisão.

Mais cedo, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, classificou a ameaça iraniana de real e exequível.

Possível espiral de violência

O Ministério do Exterior de Israel não comentou informações de que algumas missões diplomáticas do país teriam sido parcialmente evacuadas, com a segurança sendo reforçada.

Nesta sexta-feira, o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, e o chefe do Exército de Israel, o general Herzi Halevi, se reuniram com o chefe do Comando Central dos EUA, general Michael Kurilla, para coordenar uma resposta ao possível ataque.

Fontes iranianas e diplomatas americanos ouvidos pela agência de notícias Reuters disseram que Teerã sinalizou a Washington a intenção de evitar um agravamento das tensões e de não agir precipitadamente. Muitos, porém, temem que uma agressão iraniana poderá gerar uma espiral de violência fora de controle.

“A vingança virá”, afirmou o jornal israelense Yedioth Ahronoth. “Por hora, a hipótese é que será muito em breve, nos próximos dias.”

A emissora americana CBS, citando duas fontes anônimas do governo americano, disse que um ataque substancial com mísseis e drones poderia ser lançado já na noite desta sexta-feira.

Biden reafirma apoio a Israel

O presidente dos EUA, Joe Biden, alertou que o Irã deve se abster de um ataque em solo israelense. Ao ser perguntado qual seria sua mensagem a Teerã, ele respondeu apenas don't (“não o faça”) e garantiu que seu país está comprometido com a defesa de seu maior aliado na região.

“Nos dedicamos à defesa de Israel. Apoiaremos Israel. Ajudaremos Israel a se defender e o Irã não terá êxito”, afirmou. O presidente americano disse que não divulgaria informações confidenciais, mas que o ataque iraniano deveria ocorrer “mais cedo do que tarde”.

rc (Reuters, DPA)