19/03/2025 - 18:35
Forças israelenses avançaram no centro e no sul do território, enquanto um segundo dia de ataques aéreos matou pelo menos 38 palestinos, de acordo com profissionais de saúde locais.Os militares israelenses disseram nesta quarta-feira (19/03) que suas forças retomaram as operações terrestres no centro e no sul da Faixa de Gaza, enquanto um segundo dia de ataques aéreos matou pelo menos 38 palestinos, de acordo com profissionais de saúde locais.
A retomada das operações terrestres ocorre um dia após autoridades em Gaza comunicarem a morte de mais de 400 palestinos em ataques aéreos – incluindo 183 crianças e 94 mulheres –, em um dos episódios mais mortais desde o início do conflito, em outubro de 2023, abalando um cessar-fogo que, em grande parte, vinha sendo mantido desde janeiro.
Ao anunciar as novas operações, Israel emitiu o que chamou de “último aviso” aos residentes do território palestino para que devolvam os reféns e retirem o Hamas do poder.
Os militares israelenses disseram que suas operações estenderam o controle de Israel sobre o chamado corredor Netzarim, que divide a Faixa de Gaza, e foram uma manobra “focada” com o objetivo de criar uma uma zona tampão parcial entre o norte e o sul do território.
Enquanto Israel mantinha seus novos bombardeios, apesar de um coro de apelos de governos estrangeiros para preservar o cessar-fogo, longas filas de civis em fuga encheram as estradas de Gaza nesta quarta-feira.
Famílias com crianças pequenas fugiram do norte de Gaza para áreas mais ao sul, temendo por suas vidas depois que Israel pediu aos civis que deixassem áreas que descreveu como “zonas de combate”.
O grupo militante palestino Hamas disse que a operação terrestre e a incursão no corredor de Netzarim foram uma “nova e perigosa” violação do acordo de cessar-fogo de dois meses.
Em um comunicado, o grupo reafirmou seu compromisso com o acordo e pediu aos mediadores que “assumam suas responsabilidades”.
O Hamas condiciona a soltura de mais reféns à progressão à segunda fase do acordo, que pavimentaria o caminho para o fim definitivo da guerra.
Ataque mata funcionário da ONU
As Nações Unidas disseram que um ataque aéreo israelense matou nesta quarta-feira um funcionário estrangeiro e feriu cinco trabalhadores locais de uma sede da ONU no centro da Cidade de Gaza. Mas Israel negou, dizendo ter atingido um local de onde o Hamas estaria fazendo preparativos para disparar contra o território israelense.
Jorge Moreira da Silva, diretor executivo do Escritório de Serviços de Projetos da ONU, disse: “Israel sabia que se tratava de instalações da ONU, que as pessoas estavam vivendo, ficando e trabalhando lá, é um complexo. É um lugar muito conhecido”.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu uma investigação completa e condenou todos os ataques à equipe da ONU. Em um comunicado, ele disse que o ataque elevou para pelo menos 280 o número de colegas da ONU mortos em Gaza desde 7 de outubro de 2023.
Em Sofia, o Ministério das Relações Exteriores disse que um búlgaro que trabalhava para a ONU morreu na quarta-feira em Gaza, citando informações preliminares. Não ficou imediatamente claro se o búlgaro era o funcionário estrangeiro da ONU morto em Gaza.
Israel, que prometeu erradicar o Hamas, disse que seu último ataque foi “apenas o começo”.
Acusações mútuas
Na violência mais recente, profissionais de saúde de Gaza disseram que um ataque aéreo israelense matou quatro pessoas e feriu outras dez em uma casa na cidade de Beit Hanoun, no norte do território palestino, onde o Exército de Israel renovou as ordens de evacuação para os residentes no início da quarta-feira.
Em Beit Lahiya, um novo ataque aéreo israelense matou 14 pessoas em uma tenda de luto, disseram os médicos.
Israel e o Hamas se acusam mutuamente de violar a trégua, que ofereceu um alívio para os 2,3 milhões de habitantes de Gaza após 17 meses de uma guerra que reduziu o enclave a escombros e forçou a maior parte de sua população a se deslocar várias vezes.
A campanha israelense já matou mais de 49 mil pessoas em Gaza, segundo as autoridades de saúde palestinas, e causou uma crise humanitária com escassez de alimentos, combustível e água.
Israel acusa o Hamas de usar civis palestinos como escudos humanos. O Hamas nega isso e acusa Israel de bombardeios indiscriminados.
md/ra (Reuters, AFP)