Ministro da Defesa do país também reforçou que país pode construir colônias no norte do enclave palestino, em contrariedade com plano de paz dos EUA para a região.Israel nunca retirará todas as suas tropas da Faixa de Gaza, afirmou nesta quinta-feira (25/12) o ministro da Defesa do país, Israel Katz, durante uma conferência.

“Em Gaza, Israel nunca se retirará totalmente. Haverá uma área de segurança significativa dentro da Faixa de Gaza”, afirmou Katz durante a conferência, organizada pelo jornal Makor Rishon, um veículo de imprensa nacionalista e pró-colonos.

Katz disse que essa ocupação continuaria mesmo no caso de uma transição para a segunda fase do plano de paz do presidente dos EUA, Donald Trump, e do desarmamento do grupo palestino Hamas.

Segundo Katz, essa “zona de segurança” ficaria dentro da Faixa de Gaza. Ele ainda acrescentou que, na parte norte da faixa costeira, poderiam ser criadas novas colônias israelenses que ajudariam a proteger a zona de segurança.

“Mesmo após a dissolução do Hamas, será mantida uma importante zona de segurança que cercará Gaza em áreas controladas para proteger o assentamento. E na parte norte, segundo minha visão, será possível estabelecer assentamentos de forma ordenada quando chegar o momento”, acrescentou.

Dois dias atrás, Katz já havia afirmado que Israel pode vir a instalar “postos Nahal” em Gaza, a exemplo do que já ocorre na Cisjordânia, outro território palestino sob ocupação. Os postos Nahal são colônias estabelecidas por militares, que misturam a função de base e características de colônias, com ênfase em agricultura.

Muitas vezes esses postos precedem a instalação de colônias israelenses permanentes.

As declarações de Katz feitas na terça-feira ocorreram durante um evento com colonos na Cisjordânia ocupada.

“Com a ajuda de Deus, quando chegar a hora, também no norte de Gaza, estabeleceremos grupos pioneiros Nahal no lugar dos assentamentos que foram evacuados”, disse ele, em referência às antigas colônias israelenses em Gaza que foram desativadas em 2005, durante o antigo governo do premiê Ariel Sharon. “Faremos isso da maneira certa, no momento apropriado.”

No entanto, pouco depois, o ministério de Katz emitiu um comunicado que indicava um recuo nas declarações, afirmando que o governo israelense “não tem a intenção de reestabelecer assentamentos em Gaza” e que as declarações haviam sido feitas “somente num contexto de segurança”.

Segundo a imprensa israelense, os comentários de terça-feira irritaram membros do governo dos EUA. A segunda fase do plano cessar-fogo da Casa Branca em Gaza permanece em um impasse e não tem data de implementação definida

No entanto, as declarações de Katz nesta quinta-feira indicam que ele voltou à posição original. O próprio ministro negou que tenha recuado em algum momento.

A segunda fase do plano dos EUA de cessar-fogo em Gaza permanece em um impasse e não tem data de implementação definida. Essa fase prevê a retirada total das tropas israelenses, além do desarme das milícias palestinas, a reconstrução do enclave e a criação de um governo de transição.

Um dos principais impedimentos impostos por Israel para a implementação do plano é que o país ainda aguarda receber o corpo do último refém israelense.

A primeira etapa do acordo, que entrou em vigor em 10 de outubro, incluía a cessação das hostilidades, além da libertação de todos os reféns por parte do Hamas e dos prisioneiros palestinos pelo lado israelense.

No entanto, os ataques israelenses não cessaram completamente, e seus drones continuam sobrevoando Gaza enquanto as tropas atiram em quem consideram estar se aproximando demais.

O balanço de mortos na Faixa de Gaza supera 70.000, enquanto os feridos somam mais de 171.000 desde 7 de outubro de 2023, segundo dados do Ministério da Saúde do enclave palestino.

Jps (EFE, dpa)