O Telescópio James Webb foi utilizado para observar uma área de formação estelar intensa e descobriu a presença de planetas semelhantes  à Terra na região. A descoberta concluiu que esses astros podem ser formados até mesmo em locais adversos da Via Láctea, em que a radiação é intensa.

O achado foi significativo porque, até o momento, os astrônomos acreditavam que tais condições hostis impossibilitassem a presença de planetas. Agora, segundo estudo publicado no The Astrophysical Journal, os anéis giratórios de gás e poeira – chamados de discos protoplanetários, local em que os planetas nascem – são capazes de sobreviver e até se desenvolver em lugares hostis.

“A radiação ultravioleta (UV) há muito tempo era considerada uma séria ameaça à formação de planetas ao redor de estrelas menores e próximas”, disse Konstantin Getman, professor pesquisador do Departamento de Astronomia e Astrofísica da Penn State e coautor de um artigo sobre o assunto, ao Space.com.

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Os pesquisadores explicam que, como não é possível determinar os detalhes de origem dos exoplanetas que observamos na atualidade, a única maneira de obter mais detalhes sobre tal formação é por meio da análise de astros mais jovens.

“Precisamos procurar por seus equivalentes mais jovens, que são discos formadores de planetas existentes em ambientes extremos com intensa radiação ultravioleta”, esclarece María Claudia Ramírez-Tannus, coautora do estudo.

A fim de evidenciar que planetas semelhantes à Terra podem se formar em locais hostis do universo, a pesquisa focou no XUE 1 – disco que circunda uma estrela jovem em um ambiente extremo. A ideia é investigar seu tamanho, massa, temperatura e composição química. A XUE 1 é tocada por radiação ultravioleta muito mais intensa do que qualquer do Sistema Solar.

“Na verdade, se a XUE 1 fosse colocada no local do Sol, receberia 100 mil vezes menos energia UV a cada segundo do que recebe atualmente”, disse Bayron Portilla Revelo, pesquisador de pós-doutorado no Departamento de Astronomia e Astrofísica da Penn State e principal autor do estudo ao Space.com.

Mais uma vez, o Telescópio James Webb mostrou-se essencial para as novas descobertas. Além de ser a única ferramenta capaz de observar astros a uma distância tão grande, ele contém o Instrumento de Infravermelho Médio (MIRI), que captura o cosmos em comprimentos de onda do infravermelho médio. Com isso, aliado a dados de arquivo, os pesquisadores como simulam como a luz, o calor e as reações químicas interagem dentro do disco protoplanetário XUE 1.