Em visita ao país asiático, Donald Trump e a premiê japonesa, Sanae Takaichi, fecharam pacto que mira alternativa ao domínio chinês no processamento de minerais críticos. Tóquio deve indicar o americano ao Nobel da Paz.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez diversos elogios à primeira-ministra recém-empossada do Japão, Sanae Takaichi, ao encontrá-la em Tóquio nesta terça-feira (28/10), quando os dois líderes assinaram acordos comerciais que incluem o acesso americano a elementos de terras raras.

“É uma grande honra estar com você, especialmente tão cedo, já que você será, eu acho, uma das maiores primeiras-ministras”, disse Trump a Takaichi na casa de hóspedes do Palácio de Akasaka.

Takaichi aplaudiu os esforços de Trump para resolver conflitos globais e prometeu indicá-lo ao Prêmio Nobel da Paz, segundo a Casa Branca. A nomeação do republicano ao prêmio tem sido verbalmente defendida por sua administração desde sua posse, em janeiro.

O acordo assinado por Trump e Takaichi inclui colaboração nas áreas de energia nuclear, inteligência artificial e minerais críticos. Tóquio prometeu investir 550 bilhões de dólares (R$ 2,9 trilhões) nos EUA em empréstimos e garantias, como parte de um acordo para obter alívio das tarifas de importação impostas por Trump.

EUA buscam alternativa aos minerais chineses

Enquanto Tóquio busca retornar sua energia nuclear aos mercados de exportação, os EUA procuram reduzir o domínio da China sobre componentes eletrônicos essenciais.

O Japão e os Estados Unidos usarão ferramentas de política econômica e investimentos coordenados para acelerar o “desenvolvimento de mercados diversificados, líquidos e justos para minerais críticos e terras raras”, disse a Casa Branca em um comunicado.

Os países consideram criar um mecanismo mútuo de estocagem de minerais críticos, além de cooperar com parceiros internacionais para garantir a segurança da cadeia de suprimentos, disse o comunicado.

Apesar de não citar diretamente a China em seu comunicado, Washington reabriu sua guerra comercial após Pequim, que processa mais de 90% das terras raras do mundo, restringir as exportações dos minerais críticos. Trump vem buscando incluir o acesso a minerais críticos como alternativa ao fornecimento chinês em diversas rodadas de negociações, inclusive com o Brasil.

Trump e o presidente chinês Xi Jinping devem se encontrar na quinta-feira na Coreia do Sul para discutir um acordo que suspenderia a sobretaxa a produtos chineses e os controles de exportação sobre terras raras.

Energia nuclear na mesa

Em um informativo para as negociações, o Japão mencionou interesse mútuo em cooperar na construção de reatores nucleares AP1000 de nova geração e reatores modulares pequenos (SMRs).

Esses projetos poderiam envolver empresas japonesas como Mitsubishi Heavy Industries, Toshiba Group e outras, além de outras áreas de cooperação.

A energia nuclear, incluindo reatores de próxima geração, como questão de maior segurança energética, fornecimento acessível de energia e tecnologia de exportação, está entre as principais prioridades de Takaichi, que se tornou a primeira mulher primeira-ministra do Japão na semana passada.

O Japão desligou todos os seus reatores após o desastre nuclear de Fukushima Daiichi, causado por um poderoso terremoto em 2011 e o subsequente tsunami. China, França, Coreia do Sul e Rússia atualmente dominam as exportações globais de tecnologia de energia nuclear.

gq/md (Reuters, AFP)