29/10/2025 - 8:43
Megaoperação policial contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, lembra cenas de guerra civil, afirma imprensa alemã.Tagesschau: Uma “guerra” contra os cartéis – no meio do Rio
Os tiros não param, dizem os vídeos publicados pela plataforma comunitária Voz das Comunidades, e os moradores não podem ir trabalhar. Em outros vídeos pode-se ver barricadas em chamas nos becos estreitos de uma favela. Colunas de fumaça sobem ao céu.
A 20 quilômetros de distância, na sede do governo, no Palácio das Laranjeiras, o governador Cláudio Castro concedeu algumas horas depois uma entrevista à imprensa. “Hoje ocorreu a maior operação policial da história do Rio de Janeiro”, disse ele.
Não foi apenas a maior, mas também a mais letal operação policial da história do Rio de Janeiro. Segundo declarações oficiais na noite de terça-feira, 64 pessoas foram mortas, incluindo quatro policiais, e outros nove foram feridos por disparos de arma de fogo, além de três civis.
Der Spiegel: Banho de sangue no reduto dos cartéis
Cenas que lembravam uma guerra civil se desenrolaram nas ruas dos bairros hoje chamados de “comunidades” em vez de favelas. Elas foram desencadeadas por uma operação policial com 2.500 agentes na notória Zona Norte, onde as autoridades queriam prender os líderes do grupo Comando Vermelho. A operação começou na noite de segunda-feira e terminou em tiroteios entre policiais e gângsteres nas ruas estreitas e sinuosas dos bairros pobres.
Às prisões seguiram-se as represálias dos criminosos. Eles bloquearam as principais vias com ônibus, os quais incendiaram. Os tiros continuaram. Num vídeo de apenas um minuto pode-se ouvir mais de 200 disparos. Moradores em pânico por causa dos tiros tentaram se refugiar, alguns foram feridos por balas perdidas.
Süddeutsche Zeitung: Situação semelhante à de uma guerra civil no Rio de Janeiro
Uma situação semelhante à de uma guerra civil se desenrolou na Zona Norte do Rio de Janeiro nesta terça-feira. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram colunas de fumaça preta subindo dos bairros pobres do Alemão e da Penha. É possível ouvir tiros, e uma gravação mostra pelo menos um drone lançando pequenas bombas. Segundo relatos da mídia, gangues com várias dessas armas atacaram militares e policiais.
O Rio de Janeiro tem um histórico relativamente longo de operações sangrentas desse tipo realizadas pelas forças de segurança nos bairros pobres da cidade. Em 2005, 29 pessoas foram mortas, e, quatro anos atrás, as ações do Exército e da Polícia deixaram 28 mortos. “A diferença na operação de hoje é o número de vítimas. É uma escala comparável à de uma guerra”, disse Luis Flavio Sapori, sociólogo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, à agência de notícias AP.
Frankfurter Allgemeine Zeitung: Cenas de guerra no Rio de Janeiro
A polícia, que teve o apoio de forças especiais, utilizou drones, dois helicópteros, 32 veículos blindados e 12 veículos de demolição. Os criminosos se defenderam com armamento pesado e usaram drones com bombas contra as forças policiais, o que transformou a região numa zona de guerra. Importantes vias da cidade tiveram de ser interditadas, e 48 escolas permaneceram fechadas.
A operação, que lembrou cenas de guerra, demonstra o crescente poder do crime organizado no país. Grupos como o Comando Vermelho, que se financiam com o tráfico de drogas e outras atividades criminosas, como roubo e extorsão, controlam favelas inteiras, às quais a polícia tem acesso limitado. O Comando Vermelho é um dos grupos criminosos mais antigos e notórios do Rio de Janeiro e também atua em outras regiões do Brasil.
as/cn (OTS)