19/12/2025 - 16:25
Governo havia apresentado pedido de suspensão após a revelação que site da gigante do varejo oferecia bonecas sexuais de aparência infantil. Executivo diz que vai recorrer.Um tribunal de Paris rejeitou nesta sexta-feira (19/12) um pedido do governo da França para suspender a plataforma de vendas online da varejista Shein. O governo já anunciou que pretende recorrer.
Um ícone da ultra fast fashion global, a empresa chinesa se viu no meio de uma tempestade no mês passado, quando veio à tona que a sua plataforma online ofertava bonecas sexuais de aparência infantil. Posteriormente, seriam encontrados disponíveis outros itens ilícitos, tal como armas e medicamentos proibidos na União Europeia (UE).
O escândalo aconteceu na mesma semana em que a Shein inaugurou, sob protestos, sua primeira loja física em Paris, que ocupa uma ampla área de um famoso centro de compras no coração da capital francesa.
A corte afirmou que suspender a loja por três meses, como queria o governo, teria sido “desproporcional”, uma vez que os produtos proibidos já foram removidos da plataforma. Embora reconhecendo um “grave prejuízo à ordem pública” por parte da plataforma, o tribunal avaliou que a venda destes itens foi “esporádica”.
“Apenas alguns produtos no mercado foram identificados neste processo como manifestamente ilegais e prejudiciais, enquanto a plataforma oferece várias centenas de milhares de itens para venda”, afirmou o tribunal.
Um pedido do governo para manter, no mínimo, uma suspensão do marketplace da Shein, que hospeda produtos vendidos por terceiros, também foi negado pelo tribunal.
Controle regulatório
No entanto, a Shein foi ordenada a implementar medidas de verificação de idade antes de retomar a venda de “produtos sexuais que poderiam constituir conteúdo pornográfico”.
A empresa acolheu a decisão, afirmando estar empenhada em melhorar seus processos de controle. Antes, a marca chinesa já havia dito ter punido os vendedores responsáveis e banido completamente a venda de bonecas sexuais.
Autoridades regulatórias francesas descobririam que produtos ilícitos eram vendidos em ao menos outras cinco plataformas de varejo online: AliExpress, Amazon, eBay, Joom e Temu.
A Comissão Europeia, o braço executivo da UE, solicitou no fim do mês passado que a Shein forneça informações sobre as medidas em vigor para impedir o acesso a produtos ilegais, “em particular bonecas sexuais com aparência infantil e armas”.
“Graças às autoridades francesas, sabemos que a Shein trouxe todos esses produtos para França, e estamos levando isso muito a sério”, afirmou um porta-voz da Comissão. Segundo ele, a suspensão de plataformas é a “última medida” prevista pela legislação vigente no bloco.
Inspeção insuficiente
O caso fez engrossar a lista de críticas de parte dos franceses à varejista. A prefeita de Paris, Anne-Marie Hidalgo, está entre as figuras públicas que vê com maus olhos uma percebida “invasão” da marca chinesa na Europa.
A Shein foi fundada na China em 2012, mas atualmente está sediada em Singapura. Ainda assim, grande parte de sua produção segue localizada na China.
Mercadorias ilícitas chegam pelo correio em grandes quantidades de pequenas embalagens individuais, fazendo com que os controles físicos existentes sejam insuficientes e, consequentemente, as embalagens não sejam devidamente inspecionadas.
De acordo com o seu relatório de transparência para a UE, exigido pelo bloco de grandes plataformas, a varejista teve uma média de 27,3 milhões de consumidores ao mês entre fevereiro e julho.
ht (AFP, AP, Reuters, dpa)
