09/12/2025 - 7:49
Termo, que significa “era da IA”, destaca a importância crescente da inteligência artificial, inclusive na linguagem. Expressões do ranking deste ano incluem referências a Trump e à guerra na Ucrânia.A influência da inteligência artificial (IA) está crescendo – com todas as suas oportunidades e riscos. O termo “KI-Ära” (era da IA) foi escolhido, por isso, a “Palavra do Ano” de 2025, segundo a Sociedade para a Língua Alemã (GfdS, na sigla em alemão).
“A inteligência artificial agora desempenha um papel em todas as áreas da vida”, afirmou o presidente da GfdS, Jochen Bär, em Wiesbaden na sexta-feira (05/12). Entre outras coisas, a tecnologia está sendo cada vez mais usada para criar textos – com efeitos duradouros na língua alemã.
A IA reproduz o mainstream, inclusive em termos de pensamento, alertou o linguista. “Em termos de uso da linguagem, isso pode levar à estagnação intelectual”, disse Bär. “Isso é um problema.” No entanto, também existem boas oportunidades, por exemplo, em diagnósticos médicos. “O termo KI-Ära é curto, compreensível e carregado de emoção”, acrescentou a diretora-geral da GfdS, Andrea Ewels.
Palavra favorita de Trump em 2° lugar
O júri colocou a expressão “Deal” (acordo), uma das palavras favoritas do presidente dos EUA, Donald Trump, em segundo lugar. “Ele usa a palavra para comércio, tarifas ou acordos internacionais, que apresenta como sucessos”, explicou Ewels. Para seus apoiadores, isso sinaliza firmeza; os críticos veem superficialidade e exibicionismo.
A expressão representa “uma política que admite descaradamente colocar os seus próprios interesses econômicos em primeiro lugar e ignorar as preocupações dos outros e o seu direito à integridade territorial, à autodeterminação cultural e à prosperidade”.
O anglicismo é cada vez mais usado no lugar de “compromisso”, “acordo” ou “contrato”. “Anglicismos na língua alemã têm sido tema de discussão há muitos anos”, disse Bär. Na opinião dele, as críticas a eles estão diminuindo um pouco ultimamente.
Em terceiro lugar entre as “palavras do ano” ficou “Land gegen Frieden” (terra pela paz). A expressão representa a exigência de que a Ucrânia aceite perdas territoriais para a Rússia a fim de alcançar um tratado de paz.
O “Sondervermögen” (fundo especial) aparece em quarto lugar. O governo alemão aprovou este ano um Fundo Especial para Infraestrutura e Proteção Climática de 500 bilhões de euros, cujo objetivo é estimular a economia.
Entre as outras palavras da lista estão “Wehrdienst-Lotto” (sorteio do serviço militar), em 5º lugar, se referindo à proposta de decidir sobre o possível recrutamento de jovens por sorteio, e o adjetivo “klimamüde” (cansado do clima), em 9º lugar, que expressa um interesse decrescente na proteção climática.
Em último lugar está “Tiktokung”. Cada vez mais jovens estão usando a plataforma de vídeos curtos TikTok e obtendo informações por lá, disse Bär. O termo “Tiktokung” também demonstra o potencial da língua alemã para criar um número ilimitado de novas palavras.
Frequência não é decisiva
Para o ranking de dez termos, o júri analisou milhares de sugestões de veículos de comunicação e enviadas por cidadãos. “Selecionamos as Palavras do Ano de acordo com critérios claros: elas devem ser socialmente relevantes, refletir debates políticos e sociais importantes e ser linguisticamente impactantes”, explicou Ewels. “O que importa não é se um termo ocorre com frequência, mas sim se ele captura o ano da forma mais sucinta possível – em seu tom, seus conflitos e seus debates públicos.”
Todos os anos, um painel de especialistas seleciona uma lista de palavras que capturam de forma particular o espírito linguístico do ano.
A GfdS é uma associação politicamente independente dedicada ao cultivo e à pesquisa da língua alemã. Ela selecionou a “Palavra do Ano” pela primeira vez em 1971 e o faz regularmente desde 1977. O júri é composto por linguistas e especialistas em mídia.
A seleção deste ano foi particularmente difícil, disse Bär. “Não porque não conseguíssemos encontrar uma palavra particularmente boa, mas porque encontramos muitas.”
No ano passado, o termo escolhido foi Ampel-Aus, que significa literalmente “fim do semáforo”, se referindo ao costume alemão de denominar as alianças políticas pelas cores que simbolizam as legendas componentes. A expressão remete à dissolução, naquele ano, da coalizão tríplice que governava a Alemanha, representada pelas cores vermelho, amarelo e verde, como um semáforo.
