11/12/2024 - 19:43
Uma nova pesquisa, publicada no periódico Science Direct, realizada pela Universidade do Kansas revelou que quando os leitores de um jornal acham que a Inteligência Artificial (IA) está envolvida no texto, eles tendem a ter menos confiança com as informações apresentadas. A análise indica que os espectadores compreendem e conseguem identificar quando a IA está incorporada, mas não acreditam com a mesma credibilidade nas informações.
“A crescente concentração de IA no jornalismo é uma questão que sabemos que jornalistas e educadores estão falando, mas estávamos interessados em como os leitores a estão percebendo. Então, queríamos saber mais sobre as percepções de assinaturas de mídia e sua influência, ou o que as pessoas pensam sobre notícias geradas por IA”, explicou Alyssa Appelman, professora associada na William Allen White School of Journalism and Mass Communications, e coautora de dois artigos sobre o tema.
O estudo partiu de um experimento em que os leitores leram uma notícia sobre o adoçante artificial aspartame e sua segurança para consumo humano. Os voluntários foram aleatoriamente designados para as cinco linhas de crédito dos textos, mas em todas o artigo permanecia conciso e factual.
Cinco linhas de escrita apresentadas:
- redator da equipe;
- redator da equipe com ferramenta de inteligência artificial;
- redator da equipe com assistência de inteligência artificial;
- redator da equipe com colaboração de inteligência artificial;
- somente inteligência artificial.
As descobertas revelaram que, em todas as autorias, os participantes tinham uma visão ampla do auxílio da tecnologia. A maioria relatou que a escrita dos humanos era a principal identificada, ou que a IA poderia ter sido utilizada na criação de um rascunho editado pelos jornalistas e como assistência à pesquisa de dados.
Contudo, os resultados finais mostraram que, independentemente do quanto eles achavam que a IA tinha contribuído para a história, suas opiniões sobre a credibilidade das notícias foram afetadas negativamente depois que a colaboração foi revelada.
Os autores do artigo ressaltam que em campos tradicionalmente produzidos por humanos, como o jornalismo, a comunidade tende a não confiar com a mesma facilidade nas informações divulgadas. “As pessoas têm muitas ideias diferentes sobre o que a IA pode significar e, quando não temos clareza sobre o que ela fez, as pessoas preenchem as lacunas sobre o que achavam que ela fez”, disse Appelman.
Mesmo que seja interpretada como ponto positivo os leitores não acreditarem com facilidade em matérias geradas por IA, os especialistas reforçam que é necessário que os jornalistas indiquem e expliquem com clareza o envolvimento com a tecnologia em parcerias deste tipo.
“O grande problema não era se era IA ou humano: era quanto trabalho eles achavam que o humano fazia. Isso mostra que precisamos ser claros. Achamos que os jornalistas têm muitas suposições que fazemos em nosso campo de que os consumidores sabem o que fazemos. Eles geralmente não sabem”, completou Steve Bien-Aimé, professor assistente na Escola de Jornalismo e Comunicação de Massa William Allen White e coautor do estudo.