10/04/2022 - 11:05
No início de abril, duas dúzias de leões-marinhos famintos invadiram uma fazenda de peixes em Tofino, na costa oeste da Ilha de Vancouver, Colúmbia Britânica (sudoeste do Canadá), e depararam com um paraíso: passaram a banquetear-se com um número incontável de salmões do Atlântico criados em cativeiro, enquanto os funcionários lutavam para remover os intrusos. O plantel de salmões no local pode chegar a 500 mil espécimes.
Os leões-marinhos começaram a atacar a fazenda quando a empresa Cermaq, dona do empreendimento, começou a pescar seus peixes, de acordo com um comunicado. O problema “intensificou-se” e, no dia 2 de abril, pelo menos duas dúzias de animais estavam devorando peixes em vários tanques.
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Segundo a Cermaq, o que aconteceu foi um “evento de violação”. Ambientalistas interpretaram a ocorrência de forma diferente: “Eles estão tendo um bufê à vontade agora”, disse na ocasião Bonny Glambeck, diretora de campanhas da organização Clayoquot Action.
Riscos ambientais
Um vídeo feito no local mostra os leões-marinhos engolindo peixe atrás de peixe e escalando desajeitadamente as barreiras para passar de um tanque para outro.
Segundo Glambeck declarou à rede canadense CBC, a Clayoquot Action temia que os leões-marinhos tivessem entrado na fazenda através de um buraco na barreira – isso significaria que os salmões criados ali poderiam ter escapado para a Reserva da Biosfera da Unesco Clayoquot Sound, um importante ponto ecoturístico da região cujas atrações incluem a própria observação de leões-marinhos. Ela manifestou ainda a preocupação de que os leões-marinhos estivessem presos dentro dos tanques dos peixes. Glambeck também assinalou que a Clayoquot Action se opõe às fazendas de peixes nas águas marinhas da Colúmbia Britânica, por considerar essa modalidade de empreendimento um tipo de “produção de alimentos industrializados”.
A Cermaq garantiu que isso não havia ocorrido. “Eles entraram nos tanques saltando sobre os postes”, informou a empresa em comunicado. “É importante notar que nenhum leão-marinho está preso ou impedido de sair da fazenda neste momento, caso opte por sair”. A Cermaq também afirmou não ter registrado nenhum peixe fugitivo.
Trabalho desafiador
No passado, as fazendas de peixes tinham permissão para matar leões-marinhos incômodos, mas isso não é mais permitido. De acordo com o comunicado da Cermaq, sua equipe tenta afastar os invasores da sua fazenda com “esforços de gerenciamento aprovados”, mas o trabalho tem sido “desafiador” porque os leões-marinhos conseguem se adaptar ao comportamento dos humanos.
A Cermaq informou que a Fisheries and Oceans Canada (DFO), agência governamental de pesca do país, foi notificada da situação e enviou pessoal ao local.