Será que Leonardo da Vinci tinha TDAH? Foi o que pesquisadores italianos tentaram responder num artigo recente.

Da Vinci era um gênio de múltiplos talentos. Ele ficou famoso por suas invenções, pinturas e incursões nos campos da anatomia, arquitetura e filosofia.  Mas, em sua época, ele era mais conhecido por adiar, abandonar ou sequer começar os projetos que imaginava e planejava com tanto esmero. E isso afetava diretamente sua credibilidade com os empregadores.

Tanto é que ele só conseguiu alçar carreira solo como pintor aos 26 anos, idade em que Rafael já tinha mais de 80 pinturas na conta.

O cúmulo da procrastinação se deu com o duque de Milão, que queria até fazê-lo assinar um contrato garantindo que entregaria a obra a tempo – e, após esperar 20 anos sem receber a compra, resolveu desistir.

Por conta disso, ele ganhava menos que os colegas e, consequentemente, vivia quebrado.  Sobrava talento, curiosidade, criatividade e impulsividade. Mas faltava foco e capacidade de execução e organização de tempo.

Além disso, Leonardo vivia ocupado, mas sempre alternando entre tarefas. E, para completar, dormia pouco, pois trabalhava dia e noite sem parar, tendo tempo apenas para cochilos.

Ciente de suas limitações, ele chegou até a testar outros tipos de pigmento e técnicas para pintar, por exemplo, “A Última Ceia” – já que os afrescos exigiam uma agilidade que ele sabia que não conseguiria entregar.

Aliás, o homem era criativo até mesmo na hora de dar migué. A desculpa que ele deu para justificar o atraso na entrega dessa obra foi que, apesar de ter rodado as cadeias de Milão, ainda não tinha encontrado um modelo perfeito para a criação do seu Judas.

E ele era desse jeitinho desde a infância, o que reforça a tese dos pesquisadores de que sua personalidade e carreira podem ter sido moldadas pelo TDAH.

Da Vinci também apresentava outro traço típico de quem tem o transtorno: a culpa por não conseguir executar tudo aquilo a que se propõe. De acordo com seu primeiro biógrafo, ele morreu lamentando ter “ofendido Deus e a humanidade por não ter trabalhado com sua arte como deveria”.

A dúvida que fica é: se com essas limitações Da Vinci já é considerado um gênio, como teria sido seu legado se ele fosse neurotípico?